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VALEU A PENA BRIGAR POR BELO MONTE, por Nicias Ribeiro

Belo Monte2Em 15/06/1998, o então presidente Fernando Henrique Cardoso esteve em Tucuruí, dando a ordem de serviço das obras da 2ª etapa da hidrelétrica de Tucuruí, aumentando a sua potencia instalada para os atuais 8470 Mw, bem como da retomada das obras das Eclusas, que estavam paralisadas desde o governo Sarney. A noite seguiu para Altamira, onde, sob os aplausos de uma população de mais de 50 mil pessoas, inaugurou o primeiro trecho do projeto Tramoeste, o chamado linhão de Altamira.

Em seguida, tive a honra de acompanhar o então governador Almir Gabriel até o aeroporto para as despedidas, ocasião em que, bem no pé da escala do avião presidencial, pedimos ao presidente FHC que autorizasse a retomada dos estudos de viabilidade de Belo Monte, no que fomos atendidos, graças aos argumentos e ao indiscutível prestigio pessoal do saudoso governador Almir Gabriel, sendo logo chamado o então presidente da Eletronorte – José Antonio Muniz Lopes – a quem foi dado a ordem neste sentido, com a observação do Dr. Almir de que, diferentemente de Tucuruí, a região do entorno fosse beneficiada pela obra, com ações de mitigação dos impactos econômicos e sociais, inclusive com a chamada “Vila Permanente” integrada ao centro urbano de Altamira. E foi assim que, a partir daí, a Eletronorte retomou os estudos de Belo Monte, e, em paralelo, fizeram-se os estudos dos impactos econômicos e sociais que a obra causaria à região e as devidas ações de mitigação, muitas das quais, hoje, integram as condicionantes do IBAMA, como a construção de escolas, unidades de saúde, implantação dos sistemas de água e esgoto, tratamento de resíduos sólidos, além da construção dos conjuntos residenciais para abrigar as 4.100 famílias que moram em palafitas nos igarapés Ambé, Altamira e Panelas, e cujas margens serão urbanizadas, com a pavimentação das ruas marginarias que serão integradas ao sistema viário da cidade de Altamira.

Em junho de 2011, instalou-se o Comitê Gestor do Plano de Desenvolvimento Regional Sustentável (PDRS) do Xingú, e, a rigor, teve inicio as obras de Belo Monte. De lá pra cá, como era de esperar, as obras da hidrelétrica avançaram rapidamente, enquanto as condicionantes não deslanchavam e esse fato, é claro, passou a angustiar a população.

É certo que a Norte Energia já avançara, e muito, na construção de escolas e de unidades de saúde. Mas a grande grita, motivo dos protestos, era o fato das 4.100 famílias, das margens dos citados igarapés, não saberem para onde seriam remanejadas, qual o tipo de casa, etc. E essa angustia não era, apenas, das pessoas diretamente afetadas. Era de toda a população de Altamira, que, a cada inverno, assistia o desespero dessas famílias deixarem suas casas e se instalarem em alojamentos improvisados, devido as cheias do rio Xingú.

Pois bem. Na semana que passou visitei as obras de um dos conjuntos residenciais para onde serão remanejadas essas famílias, no qual estão em obras, em escala industrial, mais de duas mil casas, todas em concreto, cobertas com telhas de barro e forradas com lajes de concreto. O interessante, é que a estrutura do telhado não é feita com caibros e ripas de madeira, como é normal na região. São feitas de ferro. E do mesmo modo são as portas e janelas. O que demonstra, aliás, de forma irrefutável, a preocupação da Norte Energia para com a preservação da floresta, fato que, a meu ver, deveria merecer os aplausos dos ambientalistas, apesar de não ter visto, até agora, nenhum registro a respeito.

Ressalte-se que todas as casas são servidas de água potável, energia elétrica e possuem três quartos, sendo um deles suíte; além de banheiro social, sala, copa, cozinha e área de serviço. E note-se: se o inquilino for idoso ou deficiente físico os banheiros são adaptados. Afora isso, registre-se, todas as ruas dos conjuntos são dotadas de sistema de água e esgoto, de pavimento asfáltico e calçadas para pedestres, inclusive com trilhas para os deficientes visuais.

Na verdade, o que vi nesses conjuntos é muito mais do que sonhei para aquela gente sofrida dos igarapés de Altamira. E se nada mais fosse feito, já teria valido a pena brigar por Belo Monte. Parabéns à Norte Energia.

Nicias Ribeiro

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