No Dia Nacional da Prevenção da Violência contra a Mulher, o candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves, anunciou nesta sexta-feira (10/10) uma série de compromissos. Aécio afirmou que pretende criar uma rede de proteção à mulher, ampliar o sistema do Disque-Denúncia e construir mais 6 mil creches no país.
Aécio comprometeu-se a ampliar os abrigos familiares a partir de parcerias com municípios. “Nós temos que tirar das estatísticas macabras do Brasil o aumento dos crimes e violência contra a mulher”, afirmou.
Para o candidato, é fundamental reiterar os compromissos com as trabalhadoras e trabalhadores, como a revisão do fator previdenciário. “Vamos encontrar uma forma que não seja tão perversa para com os aposentados como vem sendo o fator [previdenciário]”, disse.
Aécio lembrou ainda que, entre suas prioridades, está a correção da tabela do Imposto de Renda pela inflação. O governo da presidente Dilma Rousseff (PT), candidata à reeleição, anunciou o reajuste da tabela em 4,5% para 2015, muito abaixo dos atuais patamares inflacionários. Em 12 meses até setembro, a inflação ficou em 6,75%. Isso significa que o reajuste de Aécio, nesse caso, seria de 2,25 pontos acima da proposta do governo.
O candidato tucano também se comprometeu com a valorização real do salário mínimo, mantendo a atual fórmula até 2019, conforme proposta do PSDB e Solidariedade em tramitação na Câmara. “São só compromissos de um governante que se preparou para exercer o cargo e iniciar uma nova história no Brasil”, destacou.
Pernambuco
O candidato confirmou que estará neste sábado (11/10) no Recife, onde participará de uma série de encontros políticos, onde receberá o apoio do PSB de Pernambuco à sua campanha, e visitará Renata Campos, viúva do ex-governador Eduardo Campos, morto em agosto em acidente aéreo.
“Teremos lá um ato formal de apoio de todo o PSB regional à nossa candidatura. O que para mim é uma honra poder receber esse apoio e de enorme emoção, porque recebo o apoio do grupo político de Eduardo Campos”, afirmou Aécio. “[Eu] me considero capaz de levar, Brasil afora, as propostas, os projetos de Eduardo Campos.”
Aécio destacou ainda que respeita o tempo de cada um no que se refere às definições políticas. Questionado sobre a formalização do apoio do ex-jogador Romário (PSB), eleito senador mais votado do Rio de Janeiro, ele reiterou o respeito que tem pelo ex-atleta e seus esforços na valorização e qualificação do esporte nacional.
Entrevista do candidato à Presidência da República pela Coligação Muda Brasil, Aécio Neves
Rio de Janeiro (RJ) – 09-10-14
Assuntos: eleições 2014; Petrobras, apoios
(Seguem trechos)
Sobre políticas para as mulheres e para os trabalhadores.
Hoje é o dia nacional da prevenção da violência contra a mulher. Quero reiterar aqui os compromissos constantes das nossas propostas de governo de criar uma rede de proteção à mulher que sofreu ou está sob ameaça de violência. Com as Casas Lares, com os abrigos familiares e ampliando também, em parceria com os municípios, o disque-denúncia. Temos que tirar das estatísticas macabras do Brasil o aumento dos crimes de violência contra a mulher. Quero reiterar o compromisso que assumi com os trabalhadores e trabalhadoras brasileiras, em primeiro lugar, de revisão do fator previdenciário. Vamos encontrar uma forma que não seja tão perversa para com os aposentados como vem sendo o fator. Quero reiterar o meu compromisso com a correção da tabela do imposto de renda pela inflação. Quero reiterar meu compromisso com a valorização real do salario mínimo, através de um projeto apresentado pelo PSDB e pelo Solidariedade já em tramitação na Câmara Federal. E vou cumprir os compromissos que a atual presidente da República não cumpriu, como a construção de 6 mil creches no Brasil. Estes são os compromissos de um governante que se preparou para exercer o cargo e iniciar uma nova história no Brasil.
Sobre a candidata do PSB, Marina Silva.
Há uma convergência crescente entre os companheiros nossos e os companheiros da Marina e do próprio PSB. Amanhã estarei, para muita alegria minha, em Pernambuco, a começar por Recife. Teremos lá um ato formal de apoio de todo o PSB regional à nossa candidatura, o que para mim é uma honra pessoal poder receber esse apoio, mas também de enorme emoção, porque recebo o apoio do grupo político de Eduardo Campos. Tenho dito que me considero capaz de levar, Brasil afora, as propostas, os projetos de Eduardo Campos. E acredito que em relação à candidata Marina, no tempo certo, ela tomará a sua decisão, que será por nós respeitada.
Sobre denúncias envolvendo a Petrobras.
Quero chamar atenção para algo que vi hoje na imprensa e mostra mais uma diferença clara de posição entre a candidata oficial e eu próprio, em relação a, mais uma vez, o escândalo da Petrobras. A presidente deu uma declaração de que considera estarrecedor o vazamento desses depoimentos. Eu considero estarrecedor esses depoimentos, essa confissão de crime cometido sucessivamente e de forma contínua ao longo dos últimos 12 anos. Assaltaram a maior empresa brasileira nas barbas desse governo. E não há sequer uma reação de indignação da presidente. Ela está indignada com o vazamento. Não está indignada com os depoimentos. Quero dizer a ela que nós, brasileiros, estamos indignados com o que aconteceu na Petrobras e sabe-se lá onde mais ao longo desses últimos 12 anos de governo.
Sobre indicação de ministros.
No correr da próxima semana podemos ter alguma novidade que sinalizará exatamente no mesmo patamar, no mesmo nível de governo que representa a presença de Arminio Fraga. Estamos tendo algumas conversas finais. É provável que, ao longo da próxima semana, tenhamos mais um ou dois nomes que possam sugerir a qualidade do ministério que teremos. Eu vou guardar para o correr da semana.
Sobre o senador eleito Romário.
Tenho dito em relação a todos os apoios que cada um tem o seu tempo e deve avaliar qual o melhor caminho. Reitero que tenho muito respeito pelo trabalho parlamentar do Romário, como era também admirador do seu futebol. Ele, na Câmara dos Deputados, buscou representar uma causa extremamente louvável, aquela das pessoas com deficiência, além de sempre opinar sobre os caminhos para a melhora e a profissionalização do futebol brasileiro. E são causas que serão nossas também. Vamos aguardar que ele possa se manifestar, mas acho possível que possamos nos próximos dias estarmos juntos.
Sobre ataques da candidata do PT ao ex-presidente Fernando Henrique.
Acho isso uma desonestidade intelectual. A presidente Dilma já teve, inclusive no passado, oportunidade de reconhecer a contribuição do presidente Fernando Henrique ao próprio governo do PT. Se não tivesse a estabilidade da moeda, não tivesse a Lei de Responsabilidade Fiscal, não tivesse a privatização de setores importantes da economia, não teria havido o governo do presidente Lula com os resultados que teve. Não tivesse havido o início dos programas de transferência de renda, como o Bolsa Alimentação, o Bolsa Escola, muito provavelmente não teria havido o Bolsa Família. Ate porque o programa social do PT chamava-se Fome Zero, como vocês devem lembrar.
Acho que é triste, chega a ser melancólico, o início desse segundo turno, onde a presidente da República prefere, talvez por não ter outros argumentos ir naquela velha tentativa, e perversa tentativa, de divisão do Brasil entre nós e eles, entre Nordeste e Sudeste, entre Norte e Sul. A quem que isso serve? Apenas ao projeto de poder do PT.
Eu, ao contrário, quero unir o Brasil, todas as forças, todas as classes sociais, todas as regiões para fazer das mudanças que o Brasil precisa viver. É isso que me move, é isso que me anima, é isso que me faz estar absolutamente determinado hoje nessa caminhada. É triste ver a presidente da República, que deveria ter exatamente essa responsabilidade de manter o país coeso para que todos se sentissem irmanados, querendo transformar os brasileiros em inimigos dentro do nosso próprio território. Isso não é justo.
Eu quero dizer à presidente que perder uma eleição é do jogo democrático. Ela, por ter disputado apenas uma eleição, talvez não compreenda com clareza isso. O que não se pode perder numa disputa política é, na verdade, o compromisso com as pessoas, é a coerência e, infelizmente, é aquilo que estamos assistindo com esses ataques feitos no momento eleitoral, tão diferentes das mesmas referências que ela fazia às mesmas pessoas num passado não muito remoto.
Sobre pesquisas.
Trato as pesquisas com absoluta serenidade, até porque não me considerei fora do jogo quando elas me apontavam em um distante terceiro lugar e tampouco estou longe de me considerar um candidato eleito apenas porque elas me colocam alguns pontos à frente. Aliás, acho que alguns desses institutos de pesquisas devem algumas explicações aos brasileiros. A margem de erro que vimos na véspera de eleição, não apenas na eleição presidencial, mas em várias eleições estaduais, foge a qualquer lógica. O que acredito é que tenho sim o melhor projeto para o Brasil, e esse projeto vitorioso é bom para todos os brasileiros, não apenas para meu partido político.
Sobre economia.
Em relação à questão fiscal, quando eu anuncio Arminio Fraga, faço um esforço para sinalizar de forma clara para um ambiente de segurança jurídica, de previsibilidade, de transparência fiscal. Tudo isso é muito importante para que o ambiente pós-eleição seja um ambiente favorável, esse ambiente será muito importante para que possamos resgatar os investimentos e a nossa capacidade de crescer.
Obviamente, não temos os dados reais hoje que nos possam dizer que tipo de calibragem seria necessária, mas o ambiente que teremos pós-eleição, se vencermos, será diametralmente oposto àquele que teve o presidente Lula, pela incerteza, pela insegurança que sua eleição gerou em 2002. Esse ambiente positivo, de serenidade, de confiança no futuro, nos permitirá logo de início uma redução da taxa de juros de longo prazo, que é o início da reorganização da economia brasileira.
O Brasil não pode continuar terceirizando responsabilidades. O mundo está aí, tem problemas, sim e algumas regiões com baixo crescimento, mas não se justifica que estejamos ao lado da Venezuela e, agora, ao lado da Argentina, na lanterna do crescimento na nossa região, ao longo de todos esses últimos anos.
No período FHC, já que falamos um pouco dele aqui, para encerrar, mesmo com cinco crises internacionais sucessivas, tivemos o crescimento do Brasil, da economia brasileira, se equivalendo no mesmo nível do crescimento da América Latina. Isso continua acontecendo no governo do presidente Lula, já num ambiente econômico muito mais favorável. Crescemos, mais ou menos, de forma equivalente ao que cresceu a América Latina. O governo da presidente Dilma crescerá cerca de dois pontos percentuais, em média, a menos do que cresce a América Latina. E a razão disso é a incapacidade interna de gerar confiança, de fazer com que os investimentos pudessem avançar no Brasil, de criar regras que fossem permanentes, de aprovar os marcos regulatórios de setores, por exemplo, como o ferroviário, o mineral, que infelizmente não avançaram nesse governo.
Grande parte dos maus resultados da economia brasileira, inclusive com o recrudescimento da inflação, se deve à incapacidade desse governo de agir no momento certo e de forma adequada. É hora de nós mudarmos esse quadro.
Sobre posicionamento do PT em denúncias de corrupção.
Tenho que ter muita responsabilidade ao fazer qualquer tipo de acusação. As denúncias que fizemos no Congresso Nacional já há algum tempo em relação aos desvios da Petrobras tinham como base uma sucessão de denúncias que nos chegavam. Por isso que lutamos por uma CPI.
O governo federal, a base de sustentação, os líderes do PT iam diariamente à tribuna para dizer simplesmente que isso era um jogo da oposição, que não havia nada. Isso era um jogo político da oposição para desgastar o governo. Agora, estamos vendo que a corrupção se institucionalizou no seio da nossa maior empresa. Agora, é o tesoureiro do PT, portanto que sustenta a estrutura partidária, acusado de receber esses recursos desviados. Recursos desviados pela corrupção.
É preciso que essas investigações avancem, essa primeira delação não pode incluir os nomes de pessoas com foro privilegiado. O que posso dizer é, se eleito presidente da República, vamos a fundo nessas investigações. Vamos estimular todos os órgãos que já cumprem o seu dever constitucional para que as investigações possam ir no limite do que seja necessário. E todos, absolutamente todos os responsáveis possam ser processados, e os culpados exemplarmente punidos.
Isso não é da tradição brasileira. Essa não é a nossa norma de conduta. O governo do PT deixará, além de péssimas heranças na área econômica, nos indicadores sociais, essa perversa herança. Sinalizar, principalmente para as novas gerações, que política se confunde com corrupção. Isso não é verdade. A política pode ser algo digno, algo honrado, desde que você tenha chefes que cobrem dos seus subordinados essa postura.