A deputada Camila Toscano (PSDB) usou a tribuna da Assembleia Legislativa da Paraíba neste Dia Internacional da Mulher para falar sobre a luta em defesa da cidadania feminina. Ela ressaltou os avanços alcançados ao longo dos anos, mas lembrou que ainda é preciso quebrar muitas barreiras na luta pela equidade entre homens e mulheres e que a principal delas ainda é dentro de casa.
Para a deputada, as diferenças no mercado de trabalho, quando os homens ainda ganham cerca de 30% mais que as mulheres para exercerem a mesma função, segundo a última Pesquisa da Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad), só não são maiores quando o assunto passa a ser no ambiente doméstico.
“Um estudo desenvolvido pela Unicamp mostrou que 90% das mulheres fazem tarefas domésticas. Ou seja, 9 em cada 10 mulheres brasileiras vivem essa realidade, contra apenas 40% dos homens. De acordo com pesquisa, mulheres chegam a dedicar 25 horas semanais aos afazeres do lar. Já os homens gastam apenas 9 horas”, citou a parlamentar.
No discurso, Camila Toscano lembrou ainda que a Pnad revelou ainda que boa parte das mulheres interrompe os estudos ou largam seus empregos para cuidar da casa. Entre o total de mulheres, 21,1% não trabalha nem estuda, contra 7,8% dos homens. “Sabemos que muito disso acontece por pura falta de opção. No Brasil, há 60 milhões de mulheres mães e uma boa parte delas deixa de trabalhar porque simplesmente não têm com quem deixar os seus filhos”, relatou.
Esse dado, segundo a deputada mostra que a falta de uma política de apoio à maternidade tem reflexos diretos na permanência das mulheres em seus empregos. Na Paraíba, apenas 27,7% das famílias conseguem matricular seus filhos em uma creche, segundo dados do Anuário da Educação de 2016. Em todo o País são 604 mil crianças fora da escola na Educação Infantil. A Meta do Plano Nacional de Educação é que até o ano de 2014, 50 % das crianças até os 3 anos de idade estejam matriculadas.
“Essa ligação da falta de creches com a evasão das mulheres no mercado de trabalho ou paralisação de seus estudos, de suas atividades de lazer ou esportivas está diretamente associada à ideia que os bebês são responsabilidade unicamente da mãe. Quando, na realidade, o pai e o próprio Estado têm responsabilidades partilhadas na atenção e cuidados com as crianças. Porém, na prática, isso pouco acontece”, denunciou.