Brasília (DF) – Surpreendido pela resistente inflação de dezembro, o Banco Central justificou, na ata da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), divulgada nesta quinta-feira (23), a necessidade da elevação de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros, a Selic, como forma de tentar conter o avanço dos preços.
Os juros passaram de 10% para 10,5% ao ano. No documento, o banco admitiu que, mesmo com as altas promovidas até o momento, as projeções de inflação não param de subir. Desde abril de 2013, já foram sete altas seguidas. As informações são de reportagem desta sexta-feira (24) do jornal O Globo.
Para o deputado federal Marcus Pestana (PSDB-MG), integrante da comissão de Finanças e Tributação da Câmara, apesar dos constantes aumentos da taxa Selic, o pessimismo na economia persiste.
“A inflação é uma doença crônica que desorganiza a economia. O orçamento familiar, principalmente das famílias mais pobres, vira uma verdadeira peça de humor negro, e o orçamento público e empresarial, uma obra de ficção”, afirmou.
O parlamentar salientou que todas as medidas de estabilização da economia tomadas pelo governo Fernando Henrique Cardoso, com o Plano Real, foram subvertidas pela gestão petista.
“A presidente Dilma meteu o pé pelas mãos. Não tem tido o rigor necessário no combate à inflação e o resultado é que, permanentemente, a inflação bate na trave do nível superior do sistema de metas inflacionárias. A meta fixada é 4,5% e não 6%, mas o governo Dilma se acomodou a uma inflação alta, ainda mais considerando que os preços administrados – combustíveis e energia elétrica – estão represados”, acrescentou.
Pestana alertou ainda que não se pode brincar com a inflação: “Uma inflação civilizada seria algo em torno de 1% ou 2% ao ano. Mas o governo Dilma deixa ao Banco Central uma única possibilidade: o Brasil tem a maior taxa real de juros do mundo”.
“Isso se deve à falta de compromisso com a responsabilidade fiscal, já que nós temos injustificáveis 39 ministérios, o Tesouro Nacional perdeu a credibilidade com sua contabilidade criativa e a desconfiança dos investidores é total em relação à política econômica do governo. Não havendo a âncora fiscal, tudo fica nas costas da política monetária”, completou.