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¥Um novo patamar para a ciência brasileira¥

A pesquisa científica brasileira ganhou novo e concreto impulso qualitativo, com forte impacto em áreas estratégicas do conhecimento e do avanço tecnológico. A partir deste mês de janeiro, 17 redes de pesquisa, organizadas dentro do Programa Institutos do Milênio, iniciam atividades em áreas tão diversas quanto saúde, educação, meio ambiente, agricultura, novos materiais, genética e nanotecnologia.

Os Institutos do Milênio são inovadores na forma e no conteúdo. Alinhados à política de ciência e tecnologia para esta década, têm foco definido:

 – capacitar os centros e laboratórios de pesquisa para que participem dos avanços na vanguarda mundial do conhecimento. Ao mesmo tempo, mobilizam os institutos a competência já adquirida no País para a superação de desafios históricos. Esses são os casos da redes dedicadas a buscar a melhor adaptação humana ao semi-árido nordestino e das que integrarão esforços de pesquisas quanto à exploração sustentada, seja da Amazônia, seja do mar e das regiões costeiras.

Selecionados entre mais de 200 propostas de alta qualidade, 17 projetos passaram pelo crivo de um Comitê Científico Internacional, com maioria brasileira, formado por líderes nos campos da pesquisa e do desenvolvimento tecnológico. Como atestou o próprio comitê, são projetos de excelência, comparáveis ao que existe de mais avançado em âmbito mundial. Somam-se os institutos ao esforço nacional de pesquisa e desenvolvimento conduzido pelo Ministério da Ciência e Tecnologia (MCT), que este ano alcançará o total de R$ 2,3 bilhões. Aliam-se a consistência científica e um novo modelo de financiamento, organização e gestão dos recursos. Empréstimos do Banco Mundial no valor de R$ 90 milhões, até 2003, garantem estabilidade e segurança, bem como permitem a ação planejada das atividades de pesquisa.

Criam-se também modelos confiáveis quanto à transparência na aplicação de recursos e à previsibilidade de resultados.

A organização dos grupos de pesquisa em redes virtuais rompe os obstáculos característicos das estruturas tradicionais. Supera distâncias no conhecimento e limitações geográficas e enseja a efetiva integração de dezenas de grandes centros e pequenos laboratórios de todas as regiões do País e de centenas de pesquisadores experimentados e jovens cientistas.

Facilita ainda o compartilhamento de informações com institutos internacionais de pesquisa.

A diversidade, o arrojo e os objetivos ambiciosos destas redes de pesquisa refletem a maturidade do sistema nacional de ciência e tecnologia, que, sem descuidar das ciências básicas, se torna cada vez mais capacitado e comprometido com a criação de instrumentos para o aumento da competitividade econômica e a resolução de problemas nacionais de cunho social.

Nos próximos três anos, grupos estarão em busca, por exemplo, da formação de recursos humanos e do desenvolvimento de novas tecnologias para o combate de doenças como tuberculose, mal de Chagas, alergias; ou estarão pesquisando alternativas para o tratamento de câncer, aids e de transplantados.

No caso do mal de Chagas, como recentemente noticiou o Estado, estarão associados 90 doutores da Fiocruz da Bahia, da Univeridade de São Paulo, da Universidade Federal do Rio de Janeiro e de outras entidades, para desenvolverem uma nova área de medicina regenerativa, com o uso de terapias de células-tronco, para tentar regenerar músculos cardíacos destruídos pelo parasita de Chagas.

Outros laboratórios e pesquisadores de várias regiões trabalharão no mapeamento genético de frutas cítricas, com a identificação dos genes resistentes a doenças, o que contribuirá para a definição de estratégias mais eficientes de controle de pragas, fundamental para aumentar a qualidade do produto agrícola e a competitividade do País no mercado internacional.

Ao mesmo tempo, redes inéditas vão-se concentrar no desenvolvimento de novos materiais e de alternativas inovadoras para a indústria. Uma delas vai trabalhar exclusivamente com pequenas empresas do setor de autopeças, enquanto outra estará direcionada para o conhecimento de ponta, como a nanotecnologia, que deverá ter impacto na saúde e revolucionar a forma de fabricação de uma infinidade de produtos, como computadores, automóveis e aviões.

Cientistas brasileiros com reconhecimento internacional, em parceria com os melhores centros do mundo, estarão buscando o fortalecimento da matemática, tanto no ensino quando na sua aplicação no setor produtivo. Na área de meio ambiente, Institutos do Milênio darão forte impulso à competência nacional em campos como clima, recursos hídricos e desenvolvimento sustentável.

Outra iniciativa que se conjuga a esse esforço de pesquisa é o Programa de Apoio aos Núcleos de Excelência (Pronex), cujo objetivo é contribuir para consolidar o processo de desenvolvimento científico e tecnológico, por meio de apoio adicional e continuado a grupos de alta competência, que tenham liderança e papel aglutinador na sua área de atuação. Os Núcleos de Excelência são selecionados por meio de editais centrados na qualidade e na relevância científica ou tecnológica da proposta. Também apresenta importante função de sustentação de núcleos emergentes, com efeito positivo para regiões pouco atendidas pelas linhas tradicionais de fomento. Ao todo, já foram selecionados e contratados 206 projetos em três editais, no valor de R$ 190 milhões, envolvendo, além dos núcleos coordenadores, mais de 500 instituições associadas. Do total de recursos contratados, foram investidos em 2001cerca de R$ 140 milhões.

Enfim, não seria possível mencionar aqui todas as iniciativas e todos os campos da pesquisa avançada a serem beneficiados. Promissoras frentes de trabalho de alta qualidade levarão à melhor compreensão dos fenômenos da vida e da natureza, permitindo desenvolver meios para agregar conteúdo tecnológico ao produto nacional e a superação de problemas sociais e ambientais.

São, portanto, imensos os desafios da ciência e tecnologia (C&T). Novas iniciativas, a par da consolidação e expansão dos programas vigentes, capacitam o Brasil a dar-lhes respostas vigorosas e rápidas. As metas dos Institutos do Milênio expressam demandas da comunidade científica, assim como diretrizes adotadas pelo MCT, em consonância com estratégias definidas pelo presidente Fernando Henrique Cardoso. Na mesma perspectiva, enquadram-se a criação dos Fundos Setoriais de Ciência e Tecnologia, o anteprojeto de Lei da Inovação, o programa de ações regionais em C&T e os novos esforços de cooperação internacional.

Todas essas ações estreitam as parcerias entre governo, pesquisadores e empresas, e também atraem o envolvimento crescente dos Estados da Federação.

Consolida-se uma política nacional de longo prazo voltada para a integração dos esforços nacionais de ciência e tecnologia, bem como para a desconcentração geográfica da geração de conhecimento, em benefício das regiões menos avançadas e com apropriação de suas vantagens por toda a população brasileira.

Ronaldo Mota Sardenberg é ministro de Estado da Ciência e Tecnologia

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