Brasília – Informações divulgadas nesta segunda-feira (28) pelo jornal O Estado de S. Paulo relacionam o ex-ministro José Dirceu com a quadrilha desmontada pela operação Porto Seguro da Polícia Federal. De acordo com a reportagem veiculada pelo jornal, que traz trechos de gravações realizadas pela PF, Dirceu mantinha relação próxima com o ex-senador Gilberto Miranda, apontado como um dos principais líderes do grupo, que comercializava pareceres fraudulentos e estava presente em diversos braços do governo federal.
A proximidade entre Dirceu e Miranda se manifestou pelo agendamento de reuniões entre os dois e também por pedido feito por um assessor do petista, identificado como Rodrigo, que solicitou o empréstimo de um avião para que o ex-ministro viajasse para a Bahia. Todas as conversas, segundo o Estado, se deram depois da condenação de Dirceu pelo Supremo Tribunal Federal (STF) por conta de seu protagonismo no escândalo do mensalão.
O deputado federal Luiz Carlos (PSDB-AP) avalia que as notícias apenas corroboram suspeitas já correntes entre os integrantes do meio político. “A situação comprova a promiscuidade que há entre governo e PT. O PT e seus dirigentes se apegaram à ilicitude e a práticas equivocadas, e agora não conseguem deixar isso de lado – mesmo após as condenações que receberam pelo STF”, afirmou.
Lula
As denúncias que relacionam José Dirceu ao escândalo Porto Seguro adicionam mais um componente de proximidade do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva com o caso. Apesar de não ser citado nas gravações e documentos obtidos pela PF, Lula tem amizades e envolvimentos com alguns dos principais envolvidos no esquema. Rosemary Noronha, a ex-chefe de gabinete do escritório da Presidência da República, foi nomeada por Lula ao cargo e é amiga íntima do ex-presidente; Paulo Vieira, ex-dirigente da Agência Nacional de Águas e um dos líderes da quadrilha, somente obteve seu cargo na entidade após intervenção de Lula; e agora, relaciona-se ao grupo José Dirceu, ex-ministro do petista e apontado por ele como “capitão do time” durante os primeiros anos da gestão do PT na Presidência.
“Há uma sistemática forte dentro do governo federal, e não há como acreditarmos que ela foi feita sem a anuência do seu líder maior – que é, no caso, o ex-presidente da República”, falou Luiz Carlos.