O presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, senador Aloysio Nunes Ferreira (PSDB-SP), afirmou em entrevista ao jornal O Globo que a presidente Dilma Rousseff faz o “diabo para se manter no poder” diante da crescente mobilização do Congresso pelo seu impeachment.
Segundo Aloysio Nunes, se a Câmara autorizar o processo para afastar Dilma da Presidência da República, o Senado não irá se opor à decisão dos deputados. “Se a Câmara, por dois terços, autorizar o processo contra a presidente, estará lavrando o atestado de óbito do governo. O Senado, independentemente do papel que lhe conferiu o Supremo, não se recusará a oficiar o funeral”, afirmou o senador ao jornal.
Para o senador tucano, a decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) de proibir candidaturas avulsas para a comissão que vai analisar o impeachment de Dilma na Câmara criou “obstáculos procedimentais” no processo. O senador disse que o PSDB vai contribuir com os votos necessários para o impeachment de Dilma. “Nossos votos estarão lá, estamos predispostos a assumir responsabilidades no futuro”, explica.
Aloysio Nunes considera que há atualmente uma chance de “explosão popular” inédita na história do país diante da crise que atinge o governo Dilma.
“Hoje existe o risco real de uma explosão do descontentamento popular nunca visto. Desemprego aumenta, prazo de permanência do seguro-desemprego vai se esgotando, a renda diminuindo, inclusive para os que recebem o Bolsa Família, inadimplência das empresas afetando os bancos, dependência das pessoas que não conseguirão pagar as contas levando-as a perder o que têm”, disse na entrevista ao enumerar os prejuízos vividos pelos cidadãos brasileiros com a atual crise econômica.
Sobre um eventual governo conduzido pelo vice-presidente, Michel Temer, Aloysio Nunes acredita que “pior do que está não vai ficar”, além de existir uma “chance de melhorar”. Caso Michel Temer assuma a presidência, o senador afirma ser preciso que ele diga qual seu programa mínimo para restabelecer a paz política, a credibilidade, além de compor um governo diferente do adotado até agora. “De acordo com o método que ele vai adotar, nós podemos inclusive participar’, completou.
Aloysio Nunes também falou sobre o PSDB, a Operação Lava-Jato, da Polícia Federal, e as relações diplomáticas entre Brasil e Israel na entrevista publicada hoje (5) pelo jornal O Globo.
Como presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Aloysio Nunes comentou os últimos acontecimentos nas relações diplomáticas entre Brasil e Israel. Segundo o senador, há um mal-estar referente a concessão do agreement a Dani Dayan, indicado pelo governo de Israel como embaixador no Brasil. “Os governos brasileiros, inclusive de Fernando Henrique Cardoso, sempre foram críticos em relação às ocupações do território palestino. Mas a simpatia do governo com a causa palestina não pode ser motivo para se rejeitar a indicação de um embaixador. No entanto, é preciso reconhecer que o governo de Israel também rompeu uma praxe diplomática ao, antes de se submeter a consulta ao país recebedor, tornar pública sua indicação”, esclarece.