O surto da tríplice epidemia decorrente do Aedes Aegypti – dengue, zika e chicungunha – não é apenas um problema de saúde pública em Pernambuco. Tem se tornado um complicador a mais para a já combalida economia que vem sendo afetada pela crise nacional.
As longas filas nas emergências públicas e privadas do Estado são o retrato também de uma alteração na rotina das empresas por conta da ausência de trabalhadores infectados pelo mosquito.
O impacto é tão significativo que vem afetando diretamente a produção de algumas empresas pernambucanas como a tradicional fábrica de baterias, a Moura, cuja sede está no município de Belo Jardim na região do Agreste. O saldo da proliferação do Aedes foi de 559 funcionários afastados somente entre 1º de janeiro e o último dia 12. A unidade possui 2,4 mil colaboradores.
Nas contas da gerência da Baterias Moura já somam quase 25% o percentual de funcionários atingidos. Resultado: a fabricação dos prudutos precisou ser reduzida, funcionários tiveram que ser remanejados de seus setores para atender outras linhas de produção e funcionários temporários precisaram ser contratados para suprir o absentismo crescente.
Um quadro de baixa no comparecimento ao trabalho, com o aumento de licenças médicas decorrente de viroses após o Carnaval, não é novidade para as empresas de Pernambuco. Mas o surto das doenças associadas ao Aedes piorou e muito a situação no início deste ano. Foram registrados 119,51% dos casos de dengue em 158 dos 184 municípios do Estado entre 3 de janeiro e 13 de fevereiro na comparação com o mesmo período no ano passado.
A Federação das Indústrias de Pernambuco (Fiepe) considera o problema “muito sério” porque as empresas estão sofrendo com a produção altamente comprometida pelo surto da epidemia tríplice de dengue, zika e chicungunha. Outro setor que vem ‘adoecendo’ com o Aedes Aegypti é o de hotelaria. Reservas estão sendo canceladas por conta do receio de turistas em desembarcar num Estado que figura entre os mais atingidos pelas três epidemias.
Em passagem por Pernambuco, nesta sexta (19), a presidente Dilma Rousseff reforçou o combate ao Aedes aegypti. Na prática, no entanto, o governo da petista cortou gastos em prevenção e controle de doenças infecciosas. Em recente levantamento, jornal Folha de S. Paulo revelou que os desembolsos federais caíram 9,2% entre 2014 e 2015, de R$ 5,1 bilhões para R$4,6 bilhões. São recursos usados em campanhas de prevenção, combate a vetores (caso do mosquito Aedes), manutenção de laboratórios, entre outras ações.