Visando promover o acesso à leitura para moradores em situação de rua, o projeto “Tornar visível os invisíveis” realizado pela Prefeitura de Belém por meio da Biblioteca Pública Municipal Avertano Rocha, do distrito de Icoaraci, vem mudando a realidade de muitas pessoas nesta situação.
A iniciativa é tão inovadora que foi reconhecida nacionalmente, sendo a principal vencedora da 8ª edição do Prêmio Viva Leitura, do Ministério da Educação (Minc). A premiação será realizada no dia 29 de abril, em Brasília.
O projeto, idealizado pela chefe da Divisão de Referência e Acervo da Biblioteca Avertano Rocha,Tereza Lima, foi desenvolvido em parceria com o Centro de Referência Especializado para a População em Situação de Rua (Centro POP/Funpapa) que atende pessoas oferecendo atendimento em educação, saúde e geração de emprego e renda. A ideia surgiu a partir de uma reunião entre as duas entidades, onde foi identificado que as ações de promoção à leitura poderiam auxiliar na reinserção dos usuários à sociedade.
Inserir novamente essas pessoas na sociedade é o principal objetivo do projeto, como destaca Tereza Lima.“Nós queremos que pessoas nesta situação se apropriem da leitura e por meio dela tenham mais expectativas de vida, que consigam voltar a estudar, trabalhar, enfim, buscar uma vida melhor e mais digna”,declara a autora do projeto.
Sobre a premiação, Tereza fala sobre o reconhecimento nacional e por que optou por trabalhar com essa parcela da sociedade, “Queríamos que o projeto fosse reconhecido, já tínhamos sido convidados para outros encontros e também participado de um encontro internacional de fomento a boas práticas no âmbito da leitura. Para a nossa surpresa ganhamos o primeiro lugar geral da competição e na nossa categoria. Pra mim que sempre trabalhei com pessoas em situações vulneráveis é muito gratificante ver esse reconhecimento, pois quem gosta de pessoas consegue trabalhar e faz acontecer”, afirma.
O usuário Glebson Favacho, de 24 anos, destaca o quanto a iniciativa vem o ajudando a sair desta situação “Venho pra cá e aprendo muita coisa importante, como por exemplo, pegar os livros da biblioteca e ler e apresentar o nosso querer pra eles. O que eu quero é dignidade e trabalho. Eu já tirei alguns documentos e já tô pronto pra trabalhar, quero seguir a minha vida, começar a trabalhar”, revela o jovem,que parou de estudar na 6ª série e foi morar nas ruas. Ele foi convidado a conhecer o Centro POP e a biblioteca pública por um amigo e já é atendido pela iniciativa há cerca de um mês.
Para a coordenadora do Centro POP, Iacirema Bahia, a proposta da biblioteca é fundamental para o trabalho que é desenvolvido no centro, “Começamos a levar os usuários à biblioteca para mostrar a gama de arquivos que eles têm à disposição, vários projetos, tudo para fazer com que eles percebam que a partir da educação eles podem sair desta situação. Todos os livros que estão no espaço de leitura pode ser emprestados. Já temos exemplos de usuários que conseguiram voltar pro estudos e outros que estão em busca de emprego”.
*Do portal da prefeitura de Belém