O presidente Fernando Henrique Cardoso anunciou hoje, em reunião com a Câmara de Gestão da Crise de Energia Elétrica (GCE), no Palácio do Planalto, a realização de estudos, no início da 2002, para a construção do Gasoduto da Integração (Gasin), projeto que envolve o Brasil, a Argentina, a Bolívia e o Paraguai. Os estudos serão desenvolvidos pela Petrobras, SNAM (empresa italiana do Grupo ENI) e pela Agência de Desenvolvimento Tietê-Paraná (ADTP). A obra, com 5.250 quilômetros de extensão e custo estimado em US$ 5 bilhões, será executada com 80% de capital privado.
Segundo o ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão, Martus Tavares, o Gasoduto da Integração vai trazer gás natural da Bolívia para abastecer as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste do Brasil, as províncias do norte da Argentina e Assunção, capital do Paraguai. Martus Tavares destacou em entrevista após a reunião da GCE que o uso inicial do gás natural boliviano será para a geração de eletricidade térmica com o objetivo de minimizar a crise energética.
Além disso, o gás, quando o gasoduto estiver concluído – a expectativa é de que ele comece a operar em 2005 -, também será usado em outras atividades: na co-geração industrial e comercial, onde o combustível é queimado com grande eficiência para produzir ao mesmo tempo eletricidade e vapor; na indústria, para substituir o nafta e o óleo combustível, com amplo ganho ambiental; em vários processos químicos e petroquímicos, como insumo mais limpo; nas residências, para cozinhar e aquecer água, ou para o aquecimento, nas regiões mais frias do sul brasileiro.
Estudos preliminares prevêem que o Gasoduto da Integração sairá dos campos do sul da Bolívia, passará pela Argentina, onde se integrará à rede de dutos daquele país, dando origem a um ramal para atender Assunção. No Brasil, ele entrará pelo oeste de Santa Catarina e percorrerá 3.450 quilômetros até Brasília.
A partir do tronco principal, ou através de ramais, o gás deve chegar às cidades gaúchas de Pelotas; a Xanxerê, em Santa Catarina; a Londrina, no Paraná; a Araraquara e Ribeirão Preto, em São Paulo; Uberaba e Uberlândia, em Minas Gerais; além de Goiânia, em Goiás. O Ministério do Planejamento avalia que o Brasil deverá comprar da Bolívia ao longo dos próximos 20 anos, através da empresa Gasbol, cerca de 220 bilhões de metros cúbicos de gás.
O anúncio da decisão de se promover estudos para a construção do gasoduto reuniu no Salão Oval do Planalto, além do presidente da República e de Martus Tavares, os ministros Pedro Malan (Fazenda), Ronaldo Sardenberg (Ciência e Tecnologia), Pedro Parente (Casa Civil e presidente da GCE), Arthur Virgílio (Secretaria Geral) e José Jorge (Minas e Energia).
Também participaram os governadores de Goiás, Marconi Perillo, do Distrito Federal, Joaquim Roriz, e o governador interino de Santa Catarina, Paulo Roberto Bauer. Os três governadores, francamente favoráveis ao projeto, elogiaram a decisão do governo. Segundo Marconi Perillo, o gasoduto irá beneficiar as exportações goianas para outros estados e também para o exterior.