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As pessoas com HIV/Aids que recebem o coquetel e não respondem ao tratamento já podem fazer gratuitamente um teste que avalia a resistência do vírus aos medicamentos. O Brasil é o primeiro país do mundo a oferecer esse tipo de exame na rede pública, capaz de indicar a terapia mais eficaz.

¥A medida foi tomada para aperfeiçoar o tratamento¥, disse o coordenador de DST/Aids do Ministério da Saúde, Paulo Teixeira. Segundo ele, um tratamento correto melhora o estado de saúde do paciente, seu desempenho no trabalho e sua qualidade de vida. Além disso resulta em menos internações e gastos para o governo.

O exame de genotipagem serve para identificar que tipo de droga usada no coquetel anti-Aids não está fazendo efeito. Com o resultado em mãos, o especialista pode indicar uma combinação diferente de medicamentos. O custo de cada teste é de US$ 140 e na rede privada pode chegar a até R$ 1.000.

Muitas vezes, os medicamentos não surtem efeito porque o tratamento não é seguido da forma correta, o que também pode provocar resistência, ou pela má absorção das drogas. Também existe o risco de a pessoa ter sido infectada com um vírus que já é resistente.

Segundo Teixeira, estudos ainda não divulgados e concluídos há uma semana verificaram que no Brasil há um número menor de resistência do que em países desenvolvidos. ¥Temos de três a quatro vezes menos resistência do que em países desenvolvidos¥, afirmou o representante do Ministério da Saúde.

Teixeira explicou ainda que o exame só será oferecido aos pacientes que tomam anti-retrovirais e não tiveram resultado satisfatório. ¥É importante ressaltar que não vamos usar o teste antes do tratamento.¥ Segundo ele, já se constatou que nesses casos o efeito não é significativo.

Ele alertou ainda para a complexidade do exame, pois um resultado mal utilizado pode até levar a uma alteração errada no tratamento, o que prejudica o paciente.

Segundo o infectologista Ricardo Diaz, diretor do Laboratório de Retrovirologia da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo), uma pesquisa feita anteriormente no laboratório mostrou que a maioria dos 890 pacientes com falha do tratamento submetidos ao exame apresentou a resistência.

¥Com uma rede de testes como essa estamos nos antecipando para evitar problemas com os casos de resistência em que a terapia falha, o que vai ajudar a fazer um outro programa de tratamento¥, afirmou Diaz, que também é consultor do projeto do governo.

A rede vem sendo montada há um ano e 60 especialistas foram treinados pelo Ministério para coordenar a realização dos testes.

Inicialmente o governo comprou 6 mil testes. A rede de genotipagem já tem seis laboratórios habilitados e até março esse número deve dobrar.

O teste usado no Brasil foi registrado em setembro do ano passado pelo FDA (Food and Drugs Administration), agência norte-americana que controla drogas e alimentos.

Segundo o Ministério da Saúde, atualmente 113 mil pessoas com Aids usam medicamentos anti-retrovirais no país.

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