Temos um programa de governo escolhido por mais de 50 milhões de brasileiros. Propostas claras e uma visão de mundo que se contrapõem ao que o petismo defende
A votação obtida por Aécio Neves coroou o desempenho das forças de oposição nas eleições gerais deste ano. Além dos mais de 50 milhões de votos dados ao candidato tucano na disputa presidencial, PSDB e demais partidos oposicionistas formaram fortes bancadas no Congresso e comandarão estados onde vive a maioria da população.
O PSDB reelegeu os governadores de quatro estados – Goiás, Pará, Paraná e São Paulo – e elegeu o novo governador de Mato Grosso do Sul. Somados, eles representam eleitorado de 51,2 milhões de pessoas, o maior entre todas as legendas. Dos 27 governadores vitoriosos, dez apoiaram Aécio: nestes estados, vive 50,7% da população brasileira.
O desempenho nas eleições proporcionais também foi muito positivo. A bancada tucana no Senado será formada por dez senadores. Destes, seis carregam a experiência de terem sido governadores de estado. Será a terceira maior bancada da casa, reforçada pelos senadores aliados do DEM (5), do Solidariedade (1) e do PPS (2).
Na Câmara, o PSDB elegeu 54 deputados. São dez a mais que o time atual, com expressivo crescimento de 23% em relação à composição de hoje. A força oposicionista entre todos os deputados federais crescerá significativamente: passará dos atuais 151 parlamentares contrários ao petismo para 201.
Os tucanos também mantiveram importantes bancadas nas assembleias estaduais. Na votação do início de outubro, foram eleitos 95 deputados estaduais. O PSDB terá representantes no Legislativo de 25 das 27 unidades da Federação.
Este time numeroso e qualificado terá a importante missão de fiscalizar o governo reeleito no último domingo. Nos regimes democráticos, a regra é clara: quem não vence, examina, cobra, vigia o governo eleito. Este é o papel que os brasileiros esperam do PSDB e das demais forças oposicionistas.
Em suas primeiras manifestações após o resultado das urnas, a presidente Dilma Rousseff tem defendido “diálogo” com as forças políticas que não lhe apoiaram. É tudo o que ela não praticou nos últimos anos e é tudo o que ela mais boicotou na campanha que a levou à vitória no último domingo. Um canto de sereia, apenas.
O PSDB e os partidos aliados têm em mãos um programa de governo que foi escolhido por mais de 50 milhões de brasileiros. Propostas claras e uma visão de mundo, de Estado e dos anseios dos cidadãos que se contrapõem ao que o petismo professa e defende.
É com base nestes valores que se deve exercer o mandato que a população nos delegou. No dia a dia de governo, ficará clara até onde vai a disposição da presidente reeleita para o diálogo. Dado o clima de sua campanha, não se crê que vá longe. PSDB e aliados não alimentam ilusões, fiéis à sua missão: oposição desde o primeiro dia, todos os dias.
* Este e outros textos analíticos sobre a conjuntura política e econômica estão disponíveis na página do Instituto Teotônio Vilela