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"A lua de mel acabou", por Terezinha Nunes

Deputada Terezinha Nunes
Deputada Terezinha Nunes

Pernambuco –  Apesar dos altos índices de popularidade – em grande parte garantidos pela política de transferência de renda e pelo bom momento da economia – a presidente Dilma Rousseff vem convivendo em sua administração com uma equação difícil de fechar: em todas as pesquisas realizadas, ao mesmo tempo em que aprovam a forma de administrar da presidente, os brasileiros dizem que não estão satisfeitos com o desempenho do governo em três pilares fundamentais na vida de qualquer país: educação, saúde e segurança.

Na pesquisa mais recente, a do Ibope, divulgada esta quarta-feira mas realizada antes das manifestações que tomam conta do Brasil, enquanto 71% dos entrevistados afirmavam que aprovam a presidente ( em março o percentual era de 79%) caia para 55% o percentual dos que aprovam o seu governo ( em março este índice era de 63%).

Há hoje, por exemplo, uma diferença de 16 pontos percentuais na cabeça da população entre Dilma e sua administração. Ou seja, na percepção dessas pessoas, Dilma é melhor do que seu governo, como se fosse possível separar a criatura do criador.

A diferença entre as duas variáveis é tão patente que, na mesma pesquisa do Ibope, a primeira da série do instituto que aponta um declínio na imagem da presidente e do seu governo, caíram exatos 8 pontos percentuais a avaliação de Dilma, em particular, e a do seu governo, no geral, embora, como mostrado acima, em patamares diferenciados.

Esquecendo a questão da educação, saúde e segurança, todos muito mal avaliados na mesma pesquisa, é patente a reclamação geral, de norte a sul do país, à respeito dos buracos nas estradas, do caos nos portos e aeroportos , dos transportes urbanos e da corrupção – só para ficar nesses.

Por que o povo vem ou vinha conseguindo separar Dilma de tudo isso? Só há uma explicação plausível: o bom desempenho da economia, herança, por sinal, que Lula e Dilma receberam do governo do ex-presidente Fernando Henrique.

Com o emprego em alta, a inflação controlada, e as bolsas permitindo o crescimento das classes B e C, o povo parecia anestesiado diante dos problemas graves de infraestrutura e de todos os demais apontados acima.

Portanto, em que pese o real motivo da explosão de manifestações por todas as capitais nesta semana, parece patente que a insatisfação maior é com o poder central – a presidência – e o estopim, a gota d´água, foi a volta da inflação – bem maior do que apontam os índices oficiais, pelo menos no que se refere ao básico que é o alimento – o crescimento do desemprego e, consequentemente, a desilusão.

“O Brasil acordou” – esta frase correu as redes sociais. É como se a classe média – majoritária nas manifestações – que vinha calada em suas insatisfações por causa do bolso cheio, e a classe baixa, que vinha também calada por conta das bolsas, tivessem acordado e olhado em volta.

A insatisfação coincidiu com a Copa e as notícias sobre os milhões gastos nos estádios quando as escolas estão em pandarecos, os hospitais idem e a violência cada vez maior.

Não se sabe até onde vai esta mobilização que, difusa, atinge também toda a classe política e agora se transforma em insatisfação generalizada contra os mensaleiros e os políticos corruptos em geral, a aprovação de leis que nada têm a ver com o que pensa a sociedade, as propinas, a impunidade dos criminosos de colarinho branco, etc.

O transporte público – que é um caos – foi apenas o estopim.

A verdade é que a lua-de-mel entre o Governo e a sociedade parece ter acabado e as curvas da popularidade de Dilma e do seu Governo – a não ser que algo de excepcional aconteça a curto ou médio prazo – tendem, cada vez mais, a se fundirem num mar de desaprovação.

 

* Terezinha Nunes é deputada estadual do PSDB de Pernambuco

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