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“Aécio é um candidato que estimula convergências, não divergências”, destaca Sérgio Guerra

sgPernambuco – O PSDB não tem pressa para decidir seu papel no cenário local. Com a indefinição das propostas, o presidente estadual da legenda, o deputado federal Sérgio Guerra, afirma que seria “uma bobagem” apressar qualquer posicionamento neste contexto. No entanto, o dirigente garante uma coisa: a definição da legenda passará por uma conversa com o presidente nacional do PSB, Eduardo Campos.

Segundo ele, a agremição pode acompanhar o candidato do PSB ou lançar um nome próprio, o deputado estadual Daniel Coelho (PSDB). Mesmo com a postura crítica de tucanos na Assembleia Legislativa, ele garante que o partido estará unido, caso decida caminhar com o PSB. Reconhecendo que o socialista fez uma gestão positiva no Estado, Guerra admite que o candidato presidencial do PSDB, Aécio Neves, não vence em Pernambuco e que o ex-presidente Lula (PT) vai vir pouco ao Estado durante a campanha porque “tem medo de perder”.

Por Carol Brito

Da Folha de Pernambuco

Como o senhor viu a decisão do STF de decretar a prisão imediata dos réus do mensalão?
A Justiça brasileira está desafiada por dois grandes componentes. O primeiro é ter um julgamento isento para questões centrais e, segundo, ter capacidade de produzir punição. Mas a Justiça brasileira não vai permitir impunidade. Toda a ação da Justiça no sentido de coibir impunidade deve ser apoiada por todos.

A mancha do processo do mensalão pode afetar a reeleição da presidente Dilma Rousseff?
Toda essa agenda do chamado mensalão corrói a política no geral e, especialmente, corrói o PT. Quanto mais ele se desenvolve, mais prejuízo caberá ao PT que será objeto de fiscalização e julgamento.

O governo da presidente Dilma está no seu penúltimo ano. Qual a avaliação que o senhor faz do seu desempenho?
Sem nenhuma parcialidade, é um governo que não conseguiu produzir um desempenho satisfatório. Nos últimos anos, em especial os últimos meses, são caracterizadamente meses de campanha. A presidente precipitou a disputa de presidente da República demaneira que todo o ato do governo estão subordinados não às necessidades do governo, mas submetidos ao calendário da política eleitoral. Então, o governo era fraco e é cada vez mais fraco.

O senhor vê um reflexo dessa tentativa na política econômica, onde a gestora enfrenta dificuldades?
Todos os esforços na política monetária e econômica têm a seguinte característica: não estrutura nada. Eles, a rigor, cuidam de correr atrás do prejuízo e impedir alguma forma de descontrole mais grave. Eles correm atrás do prejuízo. Tentar manter algum crescimento, não deixar com que o emprego sofra mais do que está sofrendo e evitar uma crise maior. Não tem mais no governo como criar uma plataforma de esperança. Acabou esse governo. O governo atual promete a preservação dos dias atuais, mas é um governo vencido.

Qual sua opinião sobre o Programa Mais Médicos, que é tido como uma das principais vitrines do Governo Dilma?
Tem um objeto saudável que é levar serviços médicos a quemnão tem, mas está longe de apresentar a solução. Está muitomais submetido à lógica eleitoral de trazer popularidade ao governo do que apresentar solução aos problemas. É um programa cheio de contradições e problemas que não melhoram efetivamente as condições de saúde da população.

O senador Aécio Neves propôs mudanças no programa Bolsa Família. Esta é uma forma de blindar o partido das críticas que os petistas fazem de que o PSDB quer acabar com o programa?
É, sim, uma forma de deixar claro, na prática, que a nossa atitude em relação ao Bolsa Família é proativa. A gente discute e apoia o programa com interesse de melhorar. É isso que fizemos no passado e é isso que vamos continuar a fazer no futuro, seguramente com Aécio.

Como o senhor viu as críticas que o ex-governador José Serra (PSDB) fez ao partido. Ele afirmou que o PSDB tem complexo de aceitação com o PT e não consegue fazer uma oposição efetiva ao Governo.
Essa é uma avaliação natural de um político que tem um peso no partido dele como Serra tem no PSDB, mas de alguma forma é uma crítica que, na minha opinião, é mal fundamentada. E toda a crítica do Serra ao PSDB termina sendo uma auto-crítica. O partido foi muito Serra nos últimos anos.

Esse tipo de afirmação desagregadora acaba prejudicando o partido que tenta consolidar uma candidatura?
Eu acho que o Serra não está ajudando. Ele não está sendo construtivo. O mais sensato é que ele tem direito a falar e deixá-lo falar, não vai acontecer nada.

Como fazer para amenizar esse clima de disputa interna dentro do PSDB?
Não há disputa interna porque o partido por absoluta unanimidade dos seus membros admira Serra, mas prefere Aécio para candidato a presidente.

Como o senhor vê o crescimento de Eduardo Campos nas pesquisas e o fato de Aécio Neves ainda não ter decolado nas amostragens.
Não é bem assim. Entre as pesquisas de antes e de agora, Aécio saiu de um patamar em torno de dez pontos para cerca de 20 pontos. Eduardo subiu de um patamar inferior aos dez para superior aos dez pontos. Os dois têm crescido e é muito provável que continuema crescer. O grande resultado da ida de Marina para o PSB é que a candidatura de Eduardo é de fato competitiva. E o Brasil vai ter a oportunidade de eleger Aécio, Eduardo ou Dilma presidente da República. Os três são competitivos.

Eduardo passa a ser uma ameaça à candidatura do PSDB?
Não. Assimo PSDB não pode vê-lo. Só tem democracia nas quais a eleição presidencial se resolva em torno de propostas sem a velha armação de ser contra ou a favor. Um País múltiplo como o Brasil de hoje está espelhado em candidaturas. O papel de Eduardo é fazer o País melhorar e ele está fazendo isso.

Ainda dá para manter o pacto de boa convivência entre Eduardo e Aécio, mesmo eles disputando um lugar no segundo turno.
Claro que sim. Por que não? Os dois desejam que o Brasil tenha democracia, que o Brasil mude e eleja a melhor proposta para presidi-lo. Não vejo nada de negativo nisso.

Quais serão os próximos passos de Aécio para se consolidar na disputa?
Ele já unificou o partido, mobilizou o partido. Neste instante, ele está com muita gente discutindo o conteúdo da campanha. Quais serão os compromissos do programa de governo que vamos apresentar. Aécio está ouvindo muita gente do empresariado e sociedade de maneira em geral, intelectuais de diversos estados sobre política brasileira. Em dezembro, ele começa a falar delas. É o momento de Aécio se debruçar sobre o conteúdo da campanha. Ele tem que rodar o País mais para escutar que falar, para ter propostas mais seguras. Há um lado positivo na campanha de Aécio: não estamos submetidos a fortes ventos e turbulências. Ele é praticamente unanimidade no partido, tempraticamente 20% das intenções de votos e alianças centrais. Aécio é candidato que estimula convergências e não divergências. Isso vai ser visto progressivamente.

O senhor falou que o partido está praticamente unido, o que falta para unir totalmente?
Como todo mundo fala, o apoio do Serra, que é importante, mas não é o centro do problema.

O que o senhor acha do discurso crítico de Eduardo ao Governo Dilma?
Eu acho que não pode ser outro. Eduardo Campos, na hora que começa a propor o caminho da sua campanha, fatalmente, ele vai fazer crítica ao que está aí. Ele tem projeto de renovar a vida pública brasileira, então, vai ter que discordar da festa desses últimos dias do carnaval do PT.

E em Pernambuco, qual é o projeto do PSDB?
Em Pernambuco, há uma situação de fato: a candidatura de Eduardo Campos à Presidência da Republica, o que reduz de forma importante a margem eleitoral dos outros partidos. Inclusive do nosso, o PSDB. Um candidato pernambucano sendo competitivo e popular como Eduardo é, claro que ele reduz o eleitorado da presidente Dilma aqui e reduz as chances do PSDB ter votos também. Do ponto de vista nacional, não é em Pernambuco que o PSDB vai vencer a eleição presidencial, vai ter que ser em outros lugares. Segundo, do ponto de vista local, acho que Eduardo fez um governo bastante positivo com um lado positivo, realizações importantes e não reconhecê-los é não ter os olhos abertos. A solução que vamos encontrar aqui para a política pernambucana passará por uma discussão com Eduardo Campos. Isso não quer dizer que nós vamos nos aliar a eles. Provavelmente, teremos até candidato próprio, mas não temos ação hostil a Eduardo Campos.

E o deputado estadual Daniel Coelho seria a aposta…
Dos nomes do PSDB, tendo sido candidato a prefeito no último ano, Daniel é o que nós temos mais qualificado para disputar. Se ele vai ser candidato ou não, isso nós vamos discutir ao gosto dos interesses do partido, os interesses da democracia, de Pernambuco e, de modo geral, aos interesses de uma política boa para o Estado.

Nos bastidores, especula-se que o projeto dele é a Câmara Federal e que ele resistiria esse projeto.
Não é verdade. Daniel está fazendo o mandato dele de deputado estadual, o partido acredita nele, ajudou ele a ser mais conhecido na eleição de prefeito e o partido seguramente contaria com ele se vier a precisar na eleição majoritária. Mas nós não cuidamos disso ainda. Nas eleições majoritárias em pernambuco, para nós, existe duas chances: ter uma candidatura própria ou estabelecer uma aliança com Eduardo Campos.

Como essa decisão vai ser tomada?
É muito cedo. É preciso saber primeiro quais são os candidatos a governador, quais são as chapas. E nós vamos nos estruturar. As chances de Armando Neto (PTB) ser candidato do PT ou não é candidato do PT. Quem será o candidato de Eduardo e nem o projeto que ele vai desenvolver para o Estado. Os dois principais casos de candidatos teoricamente previstos não têm sequer umpré-projeto lançado e a indicação de como serão e a forma que vão tomar. Então, é bobagem a gente ficar especulando isso. O que cabe ao PSDB? A gente quer eleger deputados estaduais, federais, manter o partido unido e fazêlo crescer um pouco mais. O que vem acontecendo a cada eleição. E, se for o caso, ter o candidato a governador e cargos majoritários.

E a candidatura do senador Armando Monteiro Neto?
É uma candidatura que começa aliada do PT e, como tal, não está na perspectiva do PSDB examiná-la. É uma candidatura que não interessa a Sérgio Guerra, Terezinha Nunes, Daniel Coelho, Claudiano Martins, gente do PSDB. Interessa a Dilson Peixoto, Humberto Costa, João Paulo, Teresa Leitão, a gente do PT. Armando é um problema do PT, não é problema nosso.

O PSDB tem um discurso crítico forte ao governador Eduardo Campos, principalmente, na Assembleia Legislativa. Uma aliança como PSB poderia ser desconfortável partindo deste ponto?
Alguns deputados têm um discurso independente de exercer seu papel fiscalizador. É bom para a democracia. Se for formada uma aliança com o PSB, será uma aliança com o partido inteiro. É claro que respeitamos a conduta de Daniel e Terezinha, assim como respeitamos os que apoiam o governo de Eduardo. Nós entendemos o fato de alguns deputados fazerem uma ação fiscalizadora ao governo estadual. É algo que ajuda a democracia e o próprio governo de Eduardo. Já que os outros partidos não fazem isso. Nem o PT que é hostil ao governador e também o PTB, que é um partido que não está no projeto do governador. Nem PT e PTB fazem verdadeira oposição.

A disputa proporcional será competitiva. É uma dificuldade essa questão no PSDB?
Para estadual, a nossa chapa é o suficiente. A gente teria condições de eleger nossa bancada. Para deputado federal, temos pré-candidatos Sérgio Guerra, Daniel Coelho e Bruno Araújo e talvez Guilherme Coelho. Seguramente, vamos precisar de uma coligação. Em outra oportunidade discutiremos isso.

Lula disse que vinha fazer campanha em Pernambuco. Como o senhor vê o embate da popularidade do ex-presidente com Eduardo Campos?
Eu não vejo problemas. Essa história de “Lula Mágico” é uma coisa que muita gente espera e quase nunca se confirma. Se ele chegar em Pernambuco com conversa fiada, vai levar uma surra do tamanho que levou para prefeito do Recife. É bom não esquecer que o PT foi terceiro lugar nas pesquisas para prefeito do Recife atrás da gente.

Mas na campanha em Recife ele não veio…
Porque sabia que ia perder e não virá também na de governador. Por quê? Porque ele vai perder. O PT não ganha a eleição aqui. Se há um partido que está dividido e sem caminho em Pernambuco é o PT. Basta ler os jornais.

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