Destemido, disposto a enfrentar problemas e perseguir seus objetivos, o senador Armando Monteiro Neto é, no panorama conturbado vivido pela política pernambucana, o único candidato a governador nas eleições do próximo ano que já se definiu e mostra disposição a ir às ruas na campanha que se avizinha.
No mais há um mar de incertezas desde que o governador Eduardo Campos resolveu, com mão de ferro e um controle quase absoluto da cena política, postergar até a última hora a escolha do seu candidato à sucessão estadual.
Nas duas últimas semanas, encerrado o prazo de filiações partidárias, pelo menos uma conclusão se tirou. A de que o PT e o PSB que, durante oito anos, mandaram juntos no estado, estarão em palanque separados em 2014.
Mas, apesar do senador Armando ter “colocado o bloco na rua”, como se fala nos corredores da Assembleia Legislativa, o PTB continua só neste embate. Para se tornar competitivo precisa do apoio de uma outra legenda importante e já se encontra em namoro avançado com o PT, notadamente depois que os dois partidos declararam-se, em dias diferentes, independentes da gestão de Eduardo Campos.
Que garantia, Armando pode ter de que este namoro pode vir a dar em casamento? Além das conversas que vem tendo com o ex-presidente Lula, com o senador Humberto Costa e com o ex-prefeito João Paulo, o senador deve saber que é difícil obter apoio do PT, sobretudo em Pernambuco.
Os exemplos são muitos. Os petistas que chegaram a desafiar Miguel Arraes chamando-o, quando governador, de “Arraes caduco, Pinochet de Pernambuco”, não aceitam dar sobra a árvore alheia.
E nem Lula é capaz de vencer estas resistências. Em 1990 e em 1992, quando o hoje senador Jarbas Vasconcelos concorreu ao Governo do Estado e à Prefeitura do Recife – perdeu a primeira eleição e venceu a segunda – Lula declarou-lhe apoio em privado, prometeu trazer o PT junto mas desistiu diante do veto dos insubordinados pernambucanos que, nas duas ocasiões, vetaram a aliança com Jarbas sob alegação que ele era “um político de direita”.
O que dirão os petistas hoje da candidatura de Armando?
Por enquanto não há resistência pública à aliança, mas os primeiros sinais de que ela pode vir a enfrentar problemas começam a aparecer.
O próprio João Paulo, o nome mais forte do PT para disputar o Governo do Estado neste momento, declarou esta semana que está à disposição do partido para ser candidato majoritário, citando, de forma explícita, a candidatura a governador.
Por outro lado, de forma reservada, alguns petistas dizem que o próprio Lula começa a rever a estratégia de fazer palanque único em Pernambuco e estaria disposto a propor ao senador petebista que se formem dois blocos distintos para apoiar Dilma: um do PT e outro do PTB.
A alegação seria a de que nem o PT votaria por inteiro em Armando e nem os seguidores de Armando votariam de forma massiva no PT. Seria, portanto, mais conveniente para garantir um segundo turno, que se formassem dois palanques nos quais Lula e Dilma subiriam em momentos separados. No segundo turno, quem chegasse em terceiro lugar, apoiaria o segundo colocado para enfrentar o candidato de Eduardo.
Aliás, esta é uma estratégia na qual Lula vem trabalhando em estados maiores como São Paulo e Rio de Janeiro onde correm céleres as negociações para que o PT tenha um candidato e outro partido da base um segundo. No Rio já se fala até mesmo em três palanques governistas: um de Lindemberg Farias, outro de Antony Garotinho e um terceiro do governador Sérgio Cabral.
Pernambuco, no entendimento dos petistas defensores da candidatura própria não destoaria dos demais estados, o que seria complicado para o combativo Armando.
* O artigo da deputada estadual Terezinha Nunes, presidente do ITV-PE, está publicado no Blog de Jamildo