PSDB – PE

Alô, alô, Porto Alegre

Não sei se ¥outro mundo é possível¥, como quer o povo de Porto Alegre. Tomara que seja, até por necessário.
Mas, para que ele venha e seja, de fato, ¥outro¥, seria bom começar por enxergar os fatos como eles são. Não foi o que aconteceu no artigo em que o sociólogo Emir Sader analisou Porto Alegre e Davos (neste ano, transferido para Nova York).
Emir diz que Colin Powell, o secretário norte-americano de Estado, e Noam Chomsky, o notável linguista, foram ¥as figuras predominantes¥ de Davos e Porto Alegre, respectivamente. Não sei como foi Porto Alegre porque estava do outro lado.
Mas, com certeza, Powell não foi nem remotamente figura predominante em Nova York. Apareceu um dia no fórum e teve a audiência que teria qualquer secretário de Estado norte-americano em qualquer evento, na situação de guerra que os Estados Unidos acham que vivem. Nada que deixasse marcas.
Outro passo importante rumo a ¥outro mundo¥ é menos sociologuês. Emir Sader defende ¥a socialização da política e do poder¥. Ótimo. Mas o que diabo vem a ser isso? Meu caro Emir, jargão serve apenas para conversas ¥nós-conosco mesmos¥.
Se você quer me convencer das belezas do ¥outro mundo¥, seja prático, pelo amor de Deus, que ninguém aguenta mais a retórica.
Quero mais, Emir. Diz você que o fracasso argentino é ¥o fracasso das orientações do FMI, do Banco Mundial e da OMC¥. Não sei bem o que a OMC tem a ver com isso, acho que há nuances que não estão sendo levadas em consideração, mas digamos que o diagnóstico esteja certo.
E daí? A solução é rever as privatizações, nacionalizar os bancos estrangeiros, fazer a moratória (que já foi feita)? Ao contrário do que você diz, Davos sabe o que fazer com a Argentina. Aplicaria mais doses do mesmo remédio.
E Porto Alegre? Mas, por favor, não me venha com ¥socialização da política e do poder¥. Seria motivo para tomar um ¥panelaço¥ em qualquer parte da Argentina.

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