O ministro das Cidades, deputado licenciado Bruno Araújo (PSDB-PE), foi o convidado do debate da Rádio Jornal do Commercio nesta segunda-feira (26/06). Por uma hora, o tucano falou sobre várias ações da pasta e da prioridade que tem dado a Pernambuco no programa habitacional Minha Casa, Minha Vida. Segundo o ministro, o estado era o menos atendido pelo programa desde seu lançamento no governo da ex-presidente Dilma (PT).
Bruno Araújo confirmou a entrega do primeiro Cartão Reforma para Caruaru. Ao longo dessa semana fechará a data com a prefeita da cidade, Raquel Lyra (PSDB-PE), para só então colocar o programa em ação no restante do país, dando prioridade às regiões de Pernambuco, Alagoas, Santa Catarina, Rio Grande do Sul que foram os mais tingidos pelas recentes chuvas.
Veja abaixo a entrevista do ministro:
A gente encontrou uma grande conta a pagar em maio do ano passado. Havia meses atrasados do Minha Casa, Minha Vida, mas de 40 anos do orçamento do ministério das Cidades comprometidos com prefeitos e governadores, paramos tudo isso, fomos ver o que era viável, chamamos para uma conversa franca, tiramos muitos desses contratos e só executamos as obras que de fato temos condições de pagar. Seguimos com pagamento firme, com volume menor, mas não deixamos na mão quem constrói na área de habitação, saneamento e de toda estrutura dos municípios.
Nós garantimos uma carteira de um bilhão e 300 milhões de reais em saneamento e abastecimento d´água em Pernambuco. Viabilizamos recentemente 335 milhões de empenho, ou seja, recursos garantidos para a Compesa (Companhia de Água do estado) tocar esse volume de obras. Foram mais um bilhão e meio só de habitação popular com 20 mil unidades habitacionais, sendo 2 mil autorizadas agora para dez municípios pernambucanos. Para as famílias da faixa um do Minha Casa, Minha Vida autorizamos dois bilhões para habitação popular. Desses 2 bilhões, 10% vieram para Pernambuco, mais de 200 milhões de reais de investimento, porque foi o Estado menos atendido desde o início do programa para cá.
Fazer rodar um programa do tamanho que é o Cartão Reforma, como a gente se propôs, sem burocracia, com o máximo de tecnologia, envolve investimento não apenas em toda parte de TI, mas ajustar tudo isso aos órgãos de fiscalização. Nós estamos integrando todo o sistema com Receita Federal, Tribunal de Contas, para proteger o máximo possível não apenas os recursos mas os ordenadores de despesa. O cadastro está praticamente pronto, ao longo desta semana devemos ajustar com a prefeita Raquel Lyra a data da primeira entrega. A partir de Caruaru, a gente roda nacionalmente dando prioridade às regiões de Pernambuco, Alagoas, Santa Catarina, Rio Grande do Sul que foram atingidos pelas chuvas.
Saneamento é o retrato mais vergonhoso da face de infraestrutura do país. Um país que tem inovação tecnológica como a Embraer, a qualidade da tecnologia de inovação de petróleo, o país que bate recordes na agricultura, na pecuária, tem no saneamento uma vergonha nacional. Nós falamos das reformas tributária, da previdência, trabalhista, mas enquanto não houver uma profunda reforma no saneamento, não garantirmos um sistema regulatório firme que permita cobrar eficiência das empresas, vai se continuar com esse grave erro: o de um Brasil que vai levar anos para chegar a um nível civilizatório de saneamento. Nós estamos preparando uma Medida Provisória, com mudanças substanciais, para ajudar o setor. Mas não será eficaz sem uma mudança sistêmica do modelo de saneamento.
Fernando Henrique é um dos maiores pensadores vivos do país mas o que grande parte do PSDB faz a conta, nesse momento, é que daqui a 12 meses nós já estaremos em um processo de eleição presidencial. Um país que há 12 meses iniciou um novo governo, dos quais dez meses foram usados para colocar a máquina para rodar no estilo de uma governança, passar agora por uma mudança institucional, preparar uma eleição antecipada, não parece producente. Há descontentamento da população, há. Mas chegamos até aqui, daqui a pouco teremos novas eleições. Agora é concluir. No nosso sistema, a falta de continuidade gera um grande prejuízo. Todos reconhecem que o avião vinha na pista para decolar num ambiente de retomada muito forte. Vamos então todos no esforço de gerar e emprego e renda que é o que realmente importa.