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“As mulheres como protagonistas”, por Juvenal Araújo

“Para o PT, negro vale menos que um cafezinho”, Juvenal Araújo – presidente do TucanafroNo início desta semana, celebramos o Dia da Mulher Negra Latino-americana e Caribenha. A data comemorativa foi instituída em 25 de julho de 1992, durante o primeiro Encontro de Mulheres Afro-Latino-Americanas e Afro-Caribenhas, em Santo Domingos, na República Dominicana e se tornou um marco internacional na luta por igualdade pela mulher negra.

No Brasil, a importância da data poderia ser ainda maior se tivermos em mente a situação da mulher negra por aqui. Tendo a honra da companhia da Desembargadora Luislinda Valois já por algum tempo, lutando conosco no Tucanafro, pude compreender como as diferenças de oportunidades afetam a vida das mulheres e também como isso pode ser transformado.

O exemplo de Luislinda sempre me fez parecer que com força, determinação e fé é possível que tenhamos uma outra realidade. Para todas, sem exceção. Afinal, a história dela fala por si só, nos passa o exemplo e a inspiração. Mas, ainda acima disso, a energia e vitalidade demonstradas apontam um caminho a ser seguido. As negras precisam assumir protagonismo!

Atualmente, segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 71% das mulheres negras estão em ocupações precárias e informais, contra 54% das mulheres brancas e 48% dos homens brancos.

Em relação ao salário, a mulher negra ganha a metade da trabalhadora branca. Mesmo quando a escolaridade é semelhante, a diferença salarial é em torno de 40% a favor das não negras.

Nas penitenciárias, segundo estudo feito pelo Departamento Penitenciário Nacional (Depen) em 2014, 68% das presas são negras, sendo que metade delas tem ensino fundamental incompleto, o que reflete a difícil situação da educação no Brasil.

Durante o governo do PT, entre 2003 a 2013, o número de mulheres negras mortas cresceu 54%, segundo o Mapa da Violência 2015. A presença da mulher negra na política, então, é muito inexpressiva, sendo que as mulheres em geral ocupam menos de 10% dos cargos políticos.

A grave crise de representatividade na política dificulta a existência de políticas públicas mais eficientes capazes de mudar esta realidade. Ninguém melhor para mudar a realidade delas do que elas mesmas, desde que ganhem as condições para isso.

Eu tenho duas filhas, ainda crianças, e elas, como as demais outras futuras mulheres adultas e negras não merecem o preconceito como obstáculo. Não devem precisar estudar, suar e lutar mais para ter o mesmo espaço das demais.

Por isso, mulheres negras, estejam atentas ao pedido: nunca abaixem a cabeça, não mostrem o menor sinal de desânimo ou tristeza e usem a coragem de vocês também na política. Precisamos de vocês, e o Tucanafro estará com as portas abertas para ajudar no que for preciso.

Vamos juntos construir uma nova história, e nada faz sentido se não acreditarmos que isso é plenamente possível. São as mulheres que mudarão esta realidade como protagonistas de um novo tempo.

Juvenal Araújo, Presidente do Tucanafro Brasil. 

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