Os dados do próprio governo federal mostram que os programas sociais vêm sofrendo profundos cortes nos seus orçamentos durante a gestão de Dilma Rousseff.
Nos raros casos em que os recursos destinados aos projetos não são derrubados, a inflação em alta corrói qualquer tipo de aumento concedido.
É o caso, por exemplo, do Bolsa Família. Nos últimos dois anos, a dotação do programa cresceu R$ 2 bilhões, passando de R$ 26,7 bilhões em 2014 para R$ 28,7 bilhões em 2016. A inflação do período, no entanto, foi muito mais veloz, alcançando 17,8%.
Agora, às vésperas da votação do impeachment no Senado Federal e sem recursos para realizar novos gastos, a presidente Dilma, que não reajusta o Bolsa Família há dois anos, decidiu aumentar os valores repassados aos beneficiários.
Reportagem do jornal O Estado de São Paulo antecipou o anúncio de um reajuste de 9,5% nos benefícios do programa. Os novos valores entram em vigor já no mês de junho.
A área técnica do Ministério da Fazenda é contrária ao reajuste, por acreditar que o aumento seria uma sinalização negativa em um momento que deve ser de austeridade fiscal.
Como destaca a reportagem do Estadão, o aumento dos gastos do governo com o Bolsa Família terá um impacto de R$ 1 bilhão no orçamento para 2016. O rombo das contas do governo em 12 meses já é de expressivos R$ 142,01 bilhões.
O governo também deve anunciar um reajuste de 5% na tabela do Imposto de Renda da Pessoa Física (IRPF), que valerá a partir de janeiro do ano que vem, caso o Congresso Nacional aprove a medida.
Assim, toda a despesa gerada com o aumento criado por Dilma impactaria nas contas de um eventual governo de Michel Temer.