
Um partido pequeno até que a Era Lula se consagrasse em todo o país, ao ponto de viver entregue ao radicalismo de seu então presidente Bruno Maranhão – um homem que tentou tempos atrás invadir o Congresso quando ninguém mais queria saber desse tipo de bravata – o PT de Pernambuco viveu o seu apogeu quando o ex-presidente chegou ao poder e, como um rei Midas, parecia transformar em ouro tudo que tocava na política, sobretudo em se tratando de Nordeste e, particularmente, de Pernambuco.
Na cola de Lula, os petistas pernambucanos, que viviam espremidos entre o PFL, de Marco Maciel, e o PMDB/PSB, de Jarbas e Arraes, cresceu, se projetou, chegou a governar por 12 anos a capital e só não abocanhou o Governo do Estado porque o senador Humberto Costa tropeçou numa campanha que se projetava vitoriosa.
O professor Antonio Lavareda que, durante anos, fez o marketing do ex-governador e hoje senador Jarbas Vasconcelos, sempre alertava os pemedebistas e seus aliados sobre a força do furação Lula numa campanha pernambucana. Lembrava, com números irrefutáveis de suas pesquisas, que uma coisa era uma campanha sem Lula e outra depois que ele colocava os pés em Pernambuco.
Jarbas, com enorme popularidade à época, conseguiu escapar mas não fez o sucessor. Lula, que já era imbatível no Recife, elevando o nome de João Paulo em eleições seguidas, começou a virar o jogo em prol do candidato a governador Humberto Costa dois dias depois que fez seu primeiro comício na distante Petrolina. Humberto não chegou ao segundo turno, atingido por denúncias, mas o outro “candidato de Lula”, o atual governador Eduardo Campos, acabou atropelando o favorito Mendonça Filho e, colado na figura do ex-presidente, venceu a eleição.
Hoje candidato a presidente, inclusive ousando enfrentar a “mulher de Lula”, a presidente Dilma, Eduardo começou na época com 4% nas pesquisas e ninguém imaginaria que decolasse mas com a sorte do malogro de Humberto herdou a força lulista e deu no que deu.
E aí começou o malogro do PT. Dominado por diversas tendências que se engalfinhavam nos bastidores mas se uniam em público, o PT pernambucano se deixou dominar pelo governador e pelos cargos públicos que lhe foram oferecidos, abandonou o “protagonismo”, como costumam lembrar petistas graduados, afastou-se das bases e acabou se ferindo de morte nas desavenças entre os ex-prefeitos João Paulo e João da Costa.
Sagaz, o governador soube tirar proveito disso – em reserva alguns petistas dizem que ele próprio incentivou a divisão e têm provas irrefutáveis disso – e hoje vê a cada dia o partido que deve vir a enfrentar na eleição de 2014 definhar a olhos vistos.
Os petistas não conseguem se entender nem mesmo depois que Lula mandou que se afastassem de Eduardo e entregassem os cargos no seu Governo. Além da eleição no Recife – onde ficou em terceiro lugar – o PT viu cair de 7 para 5 sua bancada estadual e há quem aposte que pode vir a eleger apenas dois deputados federais em 2014, quando já chegou a ter cinco.
Uns falam que os petistas vivem o começo do fim do seu apogeu caso Eduardo consiga ganhar a eleição estadual sem a companhia de Lula e Dilma. Outros vão mais além e afirmam que o fim já chegou. É pagar pra ver.
* Artigo da deputada estadual Terezinha Nunes, presidente do ITV-PE, publicado no Blog de Jamildo