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Auditoria para eleitor ver

O ex-governador Anthony Garotinho pagou R$ 788 mil à empresa Ernest & Young para produzir um relatório que serve apenas para divulgar as ações de seus três anos e três meses à frente do Palácio Guanabara. A finalidade do trabalho, um calhamaço de 494 páginas batizado de auditoria de uma empresa independente pelo candidato à Presidência pelo PSB, está clara no penúltimo capítulo. ¢¢O relatório pode ser de utilidade tanto para o governo, como forma simples e direta de divulgação de suas ações, quanto para a sociedade, como uma resumida fonte de informações¢¢, conclui o documento assinado pelo sócio Sergio Citeroni.
Em vários trechos do relatório entregue por Garotinho ao presidente da Assembléia Legislativa, Sérgio Cabral Filho (PMDB), os consultores lembram que não se trata de uma auditoria. ¢¢A Ernst & Young não se responsabiliza pela veracidade e fidedignidade dos dados e informações apresentados¢¢, conclui. A contratação da empresa por tomada de preços já havia sido questionada pela bancada do PT na Alerj antes da posse de Benedita da Silva. ¢¢A propalada auditoria tem cara de peça publicitária¢¢, ironizou o deputado Chico Alencar, líder do partido na Casa.

Pagamento rápido – Chamou mais atenção ainda a rapidez do processo de licitação, que começou em fevereiro e terminou com a liquidação do pagamento à empresa no dia 4, véspera da renúncia de Garotinho. De acordo com dados do Sistema Integrado de Administração Financeira para Estados e Municípios (Siafem), a Ernest & Young recebeu em três parcelas, dias 22 de março (R$ 378 mil), 2 de abril (R$ 252 mil) e na quinta-feira passada (R$ 157 mil). Esta semana, o deputado Paulo Pinheiro (PT) espera receber resposta do Tribunal de Contas do Estado (TCE) sobre a legalidade da licitação. ¢¢Dos 437 mil funcionários do TCE, será que uns 15 ou 20 não poderiam fazer a auditoria contratada?¢¢, pergunta Pinheiro, depois de lembrar que o orçamento do tribunal este ano é de R$ 174 milhões.

Pensão vitalícia – O candidato do PSB enviou ontem à Secretaria Estadual de Administração carta em que pede a revogação de seu pedido de pensão vitalícia, concedida pelo então secretário Hugo Leal no dia 5, último dia do mandato. O benefício de R$ 9.600, valor do vencimento máximo pago a servidores estaduais, é previsto na Constituição Estadual para ex-governadores. Garotinho voltou atrás depois da reação negativa à decisão de pedir pensão, aos 41 anos de idade e ainda no posto de governador.

Se mudar de idéia novamente, o ex-governador pode não ter mais direito ao benefício. Na próxima terça-feira, a Alerj vota o projeto de emenda constitucional do deputado Nilton Salomão (PSB) que extingue o benefício. A pressa em votar a proposta, em tramitação desde 1999, foi uma reação às declarações de Garotinho. O candidato declarou que havia tentado acabar com a pensão no início da gestão, mas a assembléia teria rejeitado a mensagem. ¢¢Jamais o Executivo enviou a esta Casa qualquer mensagem propondo essa mudança¢¢, reagiu Sérgio Cabral. Ontem, a bancada do PT apresentou projeto para anular a pensão de Garotinho, processo que está sendo avaliado também pela Procuradoria Geral do Estado.

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