PSDB – PE

"Boa Viagem merece uma providência", por Terezinha Nunes

Deputada Terezinha Nunes
Deputada Terezinha Nunes

A mais bela e extensa praia urbana do Brasil, Boa Viagem deliciava pernambucanos e turistas até o início da década de 90. Sua água morna e a ausência de grandes ondas  possibilitava aos banhistas, ainda alheios aos efeitos nocivos do sol, ficar horas conversando  com os amigos  dentro do mar, com água na cintura, sem qualquer preocupação com a vida. Parecia mais um paraíso terrestre.

Os tubarões estavam então presentes apenas nos arquivos dos jornais que falavam de tempos remotos em que um deles teria atacado um padre que tomava banho entre Boa Viagem e Piedade.

No fatídico ano de 1992, porém, o mar de Boa Viagem passou a frequentar a berlinda em se tratando de noticiário negativo. No início do ano, um surto de cólera, que chegou a matar 12 pessoas no estado, levou o então governador Joaquim Francisco a usar a cavalaria da Polícia Militar para interditar a praia para o banho, deixando-a inteiramente deserta.

Havia a suspeita – afastada depois – de que a água do mar não estaria imune à presença   do vibrião colérico e o governador adotou a medida extrema. Sua decisão acabou frequentando o anedotário político dias depois quando, alertado de que a doença não convivia com a água salgada, o próprio Joaquim Francisco precisou tomar um banho de mar  para provar à população que não se corria risco indo à praia.

No mesmo ano de 1992, Boa Viagem voltou também a conviver com os ataques de tubarão que até esta semana, com a morte de uma jovem turista,  chegaram a vitimar 59 pessoas. Algumas sobreviveram mas muitas vieram a falecer.

Mostrado através de vídeo, o ataque causou mais comoção do que os demais, aumentando a preocupação de prejuízos para o turismo na capital.

Apesar do maior estudioso do assunto no estado, o cientista Fábio Hazim, ter levantado a suspeita de que o ataque desta semana ocorreu porque o barco utilizado para afastar os tubarões da costa estava inativo por falta de  recursos ( coisa que é precisa ser apurada pois é muito grave) a verdade é que, apesar do otimismo de Hazim, afirmando que 90% dos acidentes deixaram de ocorrer após a vistoria da costa, há que se entender, por outro lado, que quase ninguém mais toma banho de mar em Boa Viagem. Se os banhistas continuassem entrando na água, ninguém garante que os ataques viessem a cessar, mesmo com a presença do barco.

Excluindo uma pouco entendida determinação do Ministério Público de interditar a praia para o banho – medida semelhante à tomada, erradamente pelo governador Joaquim Francisco lá atrás – o que o ataque desta semana deixa claro é que parece ter chegado o momento de Pernambuco encarar o problema de frente, utilizando tecnologia disponível e testada com êxito em países como a Austrália, também sujeitos aos ataques de tubarão.

Lá foram colocadas redes no mar com dispositivos que impedem que os tubarões se aproximem demais da costa.

A informação é de que se trata de algo bem mais caro do que o barco científico cuja manutenção custa ao estado cerca de R$ 1 milhão por ano.

Se o barco contém apenas 90% dos ataques e mantém as pessoas afastadas do mar – quem entra na água em determinados locais pode perder a vida – as redes, sem afastar os banhistas, garantiriam um controle total dos ataques.

Boa Viagem merece isso.

* Artigo assinado pela deputada estadual Terezinha Nunes (PSDB), presidente do Instituto Teotônio Vilela- PE, para sua coluna de todos os sábados no Blog de Jamildo

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