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Boletim Tucano (Ano I, número 15) – Irresponsável por omissão

21 de junho de 2005 (Ano I, Número 15)
 

Irresponsável por omissão – É o mínimo a dizer de um presidente da República que silencia sobre a estratégia temerária do PT e de seus exércitos de reserva da CUT e do MST. Sem conseguir articular uma defesa consistente para apresentar à sociedade, sem respostas convincentes a dar à torrente de denúncias de corrupção, o PT apela à teoria do “golpismo” e vai ao ataque, como se fosse vítima e não suspeito. 

Auto-incriminação – A teoria conspiratória, na qual nem os dirigentes do PT nem seus eleitores acreditam, além de perigosa – ela, sim – às instituições e à estabilidade, é uma opção auto-incriminadora, uma saída desesperada de quem se vê sem saída. Fazer um chamamento às “massas”, tentar o atalho das ruas “em defesa do mandato presidencial” é desprezar as instituições e os mecanismos constitucionais que a democracia oferece. 

Falso “inimigo” – Quem ameaça o mandato presidencial? Ninguém, a não ser as atitudes irrefletidas e irresponsáveis do PT e de setores do próprio governo. “O PT não precisa de adversários”, reconhece um de seus líderes mais graduados, porque “o PT é o maior inimigo do PT.” Com sua estratégia que lembra a piada de quem é flagrado e sai gritando “pega, ladrão”, a cúpula do partido de Lula, no afã de sair da berlinda e sob o beneplácito de autoridades que deveriam zelar pelo bom funcionamento institucional, dá mostras eloqüentes de que não hesitará em arrastar o País a uma situação de confronto de conseqüências imprevisíveis. 

Jogo duplo de Lula (1) – Impedido sabe-se lá por quais circunstâncias de fazer o que é preciso ser feito – afastar de seu partido todos aqueles acusados de manter relações promíscuas com seu governo e com os demais partidos de sua base aliada – o presidente da República, com seu silêncio permissivo à teoria do “golpismo”, vale-se de um misto de esperteza e temeridade. Se a estratégia do PT der certo e o povo for às ruas contra os “golpistas” e em defesa do mandato presidencial supostamente ameaçado, Lula aparece e fatura. Se der errado, Lula se omite e não paga. Lava as mãos, como Pilatos no Credo.

Corda de caranguejo – O tesoureiro do PT não pode ser afastado, porque avisa não estar disposto a pagar a conta sozinho. Alega que é apenas um executivo do partido a cumprir determinações superiores. O secretário-geral, também acusado com insistência, não pode ser afastado, porque tudo o que fez foi seguir as diretrizes partidárias. O ex-ministro da Casa Civil diz que não se arrepende de nada e faz uma ameaça velada ao próprio presidente da República quando afirma que nada fez sem o conhecimento e a autorização de Lula. E o que fizeram todos, afinal? Eles sabem. Nós, (ainda) não.

Pirâmide humana – Essa teia de proteção cruzada lembra aquelas pirâmides humanas: se um dos atletas tremer, desabam todos. Ou uns sustentam os outros ou todos caem. As manifestações da cúpula do PT recordam o princípio da “obediência devida”, invocado na Argentina para absolver militares envolvidos com os horrores da “guerra suja.” Em seu nome, cria-se uma corrente de inocentes e inimputáveis: o soldado obedecia o cabo, que obedecia o sargento, que obedecia o tenente, que obedecia o capitão e assim por diante. O culpado e único passível de punição seria o general situado no topo da cadeia de comando. Quem é o general no topo do presente escândalo que choca os brasileiros? Mais do que “obediência devida”, o que se vê parece o princípio da “conivência devida.”

Jogo duplo de Lula (2) – A outra face desse jogo duplo se revela na distância entre discurso e prática. Ao mesmo tempo que diz à sociedade que vai investigar tudo e não deixará “pedra sobre pedra”, Lula, primeiro, determina a seus companheiros no Congresso e no governo que tentem impedir, a qualquer custo, a criação da CPI; depois, ordena-lhes que controlem a comissão de investigação a qualquer preço. 

Não à CPI chapa-branca – Começaram nesta terça-feira os trabalhos da CPI dos Correios. Os parlamentares do PSDB na comissão vão resistir por todos os meios legais a qualquer tentativa de desviar o foco das investigações, de proteger suspeitos, de abafar denúncias e de intimidar denunciantes. Contam com a atuação determinada e vigilante dos meios de comunicação e com a pressão da sociedade para que nada fique sem resposta. O PT tem o direito e o dever de se defender das graves acusações que pesam sobre alguns de seus principais dirigentes. Mas que o faça nas instâncias apropriadas, prestando contas dos seus atos com lealdade, sem soprar fumaça nos olhos da opinião pública nem apelar às ruas com base em versões fantasiosas de “golpismo”. 

O povo não é bobo – Antes de apelar a manobras diversionistas e temerárias, fariam melhor Lula e o PT se prestassem atenção à “voz rouca das ruas”. E ela se fez ouvir na pesquisa de opinião do Instituto DataFolha, divulgada no último domingo pelo jornal Folha de São Paulo. A maioria absoluta dos eleitores petistas – 65% – acredita que há corrupção no governo Lula. Quase metade deles – 48% – acha que o PT pagava “mensalão” a deputados. 77% dos petistas estão convencidos de que Lula tem muita ou alguma responsabilidade na corrupção.

Voz da razão – No programa nacional do PSDB, na última quinta-feira, o ex-presidente Fernando Henrique resumiu o pensamento dos tucanos: “Não há nenhuma nação que tenha sido bem-sucedida sem consolidar instituições, sem consolidar a democracia e sem que os representantes do povo sejam respeitados. Infelizmente, a política vive uma crise. Mesmo na oposição, o PSDB trabalha a favor do Brasil, de forma séria e responsável. O que fará bem ao Brasil é a investigação de todas as denúncias, de forma serena, isenta, honesta.”

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Portanto, não os temais; porque nada há encoberto que não haja de revelar-se, nem oculto que não haja de saber-se.

(Mateus 10:26)    

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