PSDB – PE

Boletim Tucano (Ano I, número 6) – Ligações Perigosas

19 de abril de 2005 (Ano I, Número 6)
 

Ligações perigosas – Dize-me com quem andas e eu te direi quem és. Será que o velho ditado se aplica ao PT, seus amigos, compadres e arrecadadores de fundos? Ou então o partido é perseguido pela má sorte de ser muito ajudado por pessoas que têm o hábito de se envolver em confusão com dinheiro público.

A rede – “Somos amigos há muitos anos. Não me surpreendo com seu sucesso porque ele sempre foi um rapaz muito trabalhador.” A frase, reproduzida pela Veja desta semana, é de Delúbio Soares, tesoureiro do PT. O rapaz trabalhador é Helder Rodrigues Zebral, dono do Porção de Brasília, a churrascaria do poder. Zebral está sumido. A Justiça está atrás dele. Por meio de fundações, o amigo de Delúbio pode ter desviado mais de R$ 50 milhões de dinheiro público. O nome de Zebral ficou célebre no ano passado, no escândalo do show de Zezé Di Camargo e Luciano, para arrecadar fundos e ajudar na compra da nova sede do PT. O espetáculo seria no Porção, a pedido do tesoureiro petista. Tudo certo até a descoberta de que o show tinha sido financiado pelo Banco do Brasil. Segundo a Veja, o dono do Porção também havia contribuído com R$ 22 mil para a campanha do candidato a prefeito de Buriti Alegre, terra natal de Delúbio. Na semana passada, a mão amiga de aliados impediu a votação de requerimento que convidava Delúbio Soares a prestar esclarecimentos sobre outras intervenções polêmicas, na Comissão de Fiscalização e Controle do Senado.

A ONG do Primeiro Emprego – A Ágora, ONG de Brasília presidida por um amigo de Lula, também está às voltas com a Justiça. Entidade preferencial do Ministério do Trabalho para receber verbas do Programa Primeiro Emprego, destinadas a treinar jovens de 16 a 24 anos, teve descoberta em sua contabilidade pelo menos 54 notas fiscais frias de 33 empresas fantasmas, na prestação de contas sobre o uso de recursos públicos. (Folha de S. Paulo, 30/07/04) Empresário do setor de informática e presidente da Ágora, Mauro Dutra já emprestou sua casa de Búzios para Lula descansar, colocou um avião à disposição do presidente e foi arrecadador de verbas para a campanha do PT.

O compadre e o amigo da Transbrasil – Na semana passada, o blog do jornalista Ricardo Noblat noticiou que Lula está pessoalmente interessado na tentativa em curso de salvar a falida Transbrasil. O negócio poderá beneficiar o empresário Roberto Teixeira, compadre de Lula, o principal herdeiro da Transbrasil, Antônio Celso Cipriani, e Germán Efromovich, dono da empresa aérea regional OceanAir e da empresa Marítima, de plataformas de petróleo. Um dos melhores amigos do presidente, Teixeira cedeu de graça a casa em que Lula morou, em São Bernardo, durante mais de dez anos. Ex-agente do DOPS, Cipriani trabalhou na campanha de Lula em 2002. Efromovich foi professor de Lula, trinta anos atrás, em um curso de madureza promovido pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Bernardo. Até hoje, a Infraero não conseguiu reaver a infra-estrutura que a Transbrasil usava nos aeroportos brasileiros.

Casamentos e negócios – Miicrofones abertos da TV Senado captaram, no ano passado, a conversa de lideranças petistas sobre formas de impedir a convocação de Antônio Celso Cipriani pela CPI do Banestado. Quatro dias antes da gravação indiscreta da TV Senado, Lula havia sido o convidado de honra do casamento de uma filha de Roberto Teixeira, no interior de São Paulo. (Folha de S. Paulo, 12/08/04) Em meados da década de 90, o empresário também já havia sido acusado por militantes do próprio PT de fazer lobby nas administrações petistas para a contratação, sem licitação, da empresa de consultoria Cpem.

Caso Santo André – A família de Celso Daniel anunciou, na semana passada, que contratou uma perícia européia para provar que o assassinato do ex-prefeito de Santo André não foi um crime comum. O irmão de Celso Daniel denunciou, na época, que havia um esquema de arrecadação de fundos para o PT junto às empresas de ônibus da cidade. E que havia, também, um grupo criminoso de desvio de recursos atuando em torno da prefeitura. Desde a morte de Celso Daniel, outras seis pessoas ligadas direta ou indiretamente ao caso foram assassinadas, incluindo o garçom que serviu o ex-prefeito e seu amigo Sérgio Sombra, no jantar que antecedeu o seqüestro e morte dele. Em entrevista às emissoras de televisão, na semana passada, o irmão de Celso Daniel acusou o PT de não ter interesse em apurar as verdadeiras causas do assassinato do ex-prefeito. (Jornal da Band, 13/04/05)

A viúva do ex-prefeito de Campinas, Toninho do PT, também implora até hoje para que Lula e o partido cumpram a promessa de reabrir as investigações sobre o assassinato dele. Ela não acredita na versão de crime comum.

E nós, em que devemos acreditar? Tudo não passa de uma incrível sucessão de coincidências? Ou então o velho ditado se aplica: dize-me com quem andas e eu te direi quem és.

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