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“Bolsa Família não é mais a mesma coisa”, por Terezinha Nunes

Deputada Estadual Terezinha Nunes/PSDB-PE
Deputada Estadual Terezinha Nunes/PSDB-PE

Candidato a senador em 2006, o atual vice-prefeito do Recife, Luciano Siqueira, usou e abusou do tema “bolsa família” para conseguir ter votos no interior. Em emissoras de rádio, acusou o então adversário Jarbas Vasconcelos de ser contra o programa, subtraindo votos preciosos de Jarbas junto à população mais pobre. Não ganhou, mas acabou tendo 33% dos votos, coisa inimaginável no início da campanha.

Em todas as eleições este tema volta a ser requentado pelo PT e seus aliados – Luciano é filiado ao PcdoB – para atacar seus adversários, sobretudo no Nordeste.

A força do programa que virou mesmo um instrumento eleitoral do PT é inquestionável. Os exemplos saltam aos olhos. Em municípios pernambucanos como Itaíba, nas redondezas de Garanhuns, por exemplo, os cadastrados no programa são tantos que os recursos que recebem mensalmente do Governo Federal são superiores ao orçamento da própria Prefeitura.

Não se sabe se o PT utilizará o mesmo mote este ano contra a candidatura presidencial do governador Eduardo Campos mas o tom da nota publicada no site nacional do partido há poucos dias contra Eduardo e Marina demonstra que o mar não está pra peixe.

Resta saber se o bolsa família, que serviu até agora em quase todo o Nordeste para barrar o crescimento dos candidatos do PSDB a presidente, vai ter o mesmo efeito sobre Eduardo.

Afinal, o governador pernambucano defendeu o programa em suas campanhas ao lado de Lula e Dilma e dele se beneficiou indiretamente, conseguindo o primeiro e o segundo mandatos montado em milhões de votos e credenciando-se como uma nova liderança política a nível regional e nacional.

Será que a população mais carente vai dar ao ex-presidente Lula o mesmo crédito que deu quando ele usou o programa contra Geraldo Alckmin e José Serra, caso ele tente utilizá-lo contra o governador pernambucano?

Afinal, se durante anos Eduardo esteve no palanque do bolsa família pode-se agora argumentar que ele não está mais lá e, por isso, é contra o benefício?

E difícil prever mas está ficando cada vez mais claro que os argumentos usados e abusados contra os tucanos no Nordeste não vão ter o mesmo efeito sobre Eduardo.

Se já não terão o mesmo efeito contra o candidato do PSDB a presidente este ano, o senador mineiro Aécio Neves, um meio-nordestino ( Minas é metade Nordeste e metade Sudeste), imagine-se contra Eduardo.

Nas eleições anteriores, além de acusar indevidamente o PSDB de ser contra o bolsa família, o PT colava na acusação o fato dos candidatos Serra e Alckmin serem paulistas, aguçando na mente das pessoas a tradicional rivalidade entre paulistas e nordestinos, sempre pautada, pelos oportunistas de ocasião, como uma guerra entre ricos e pobres.

Talvez seja por isso – pela quebra na força do discurso do bolsa família este ano – que o PT resolveu ressuscitar contra Eduardo outro argumento usado em relação ao PSDB – este muito mais manjado – que é o embate entre direita e esquerda, dizendo que Eduardo se “bandeou” (termo também muito manjado e antigo) para a direita. Será que o povo pobre sabe ou quer saber do que significa direita e esquerda?

Certamente que não. Isso não passa por enquanto de papo de intelectual, tudo que o povo pobre brasileiro não é.

Pelo andar da carruagem, com as múltiplas candidaturas, o PT vai ter que rever seu discurso e, por enquanto, está perdido.

O artigo da deputada estadual Terezinha Nunes (PSDB-PE) está publicado no Blog de Jamildo

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