A desastrosa condução da economia brasileira durante o governo de Dilma Rousseff deve fazer com que o país leve cerca de uma década para voltar a apresentar equilíbrio em suas contas. A avaliação foi feita por diversos especialistas ouvidos pelo jornal Correio Braziliense, em matéria publicada nesta segunda-feira (4). Para o economista Simão David Silber, professor da Universidade de São Paulo (USP), ainda que o Brasil viva uma eventual recuperação a partir de 2018, a renda per capita do brasileiro em 2023 não chegará sequer ao que era em 2014.
“Isso mostra que estamos retrocedendo uma década novamente”, destacou Silber. “O volume de incerteza é tão grande, que não tem consenso político para uma retomada. A trajetória da economia a médio prazo não é boa. Vamos levar muitos anos para que ela se recupere”, analisou o economista, que acredita que o período atual da economia brasileira pode ser ainda pior que a chamada “década perdida” de 1980.
O descontrole do governo em relação às suas contas pode ser visto claramente pelos dados do Tesouro Nacional. Em 2010, primeiro ano do mandato de Dilma, as receitas correspondiam a 20,1% do Produto Interno Bruto (PIB) e os gastos, a 18,1%. Já no ano passado, essa conta mostrava que os gastos eram 19,5% do PIB, quase dois pontos percentuais acima das receitas, de apenas 17,6%.
Na visão de Otto Nogami, especialista em finanças e professor do Insper também entrevistado pelo Correio, o governo precisa cortas os gastos de manutenção da máquina pública para tentar reverter o quadro. “O governo gastou o que não podia para se reeleger. Se endividou mais e não conseguiu entregar o superavit primário para ajudar o BC a executar a política monetária. Isso faz com que a dívida cresça em ritmo exponencial”, frisou o especialista.