Nas últimas semanas, aproveitei este espaço para descrever, ainda que em linhas gerais, nossa proposta para que o Brasil possa alcançar um grau de desenvolvimento maior, o que chamei de ‘Caminhos para o Brasil’. Como perceberam, acredito que só chegaremos ao patamar dos mais evoluídos Países do mundo se, com planejamento e responsabilidade, realizarmos cinco grandes reformas: a política, a tributária, a dos serviços públicos, a da segurança pública e a da infraestrutura nacional.
Nesse contexto, preocupam-me cada vez mais os rumos que o País vai trilhando com o governo atual e com suas propostas para sairmos da crise. O aumento dos impostos, sobrecarregando ainda mais o setor produtivo e os trabalhadores brasileiros, como pretende a União, não é, a meu ver, boa alternativa. Ao contrário, essa opção tem tudo para piorar o cenário.
O brasileiro não pode admitir a política do improviso. Pode-se e deve-se propor e fazer muito mais. Mas isso só será possível se for rompido o ciclo perverso em que fomos colocados. Estou certo de que o aumento da atividade econômica, por si, garantirá o aumento das receitas públicas. Isso, aliado a uma gestão mais eficiente, enxuta e profissionalizada e, ainda, a uma participação social nas políticas públicas, pode nos colocar em um outro ciclo – virtuoso – de desenvolvimento econômico. Mas, esse ciclo só será sustentável (viabilizado a médio e longo prazos), se as reformas forem implementadas.
Insisto muito e peço que reflitam sobre esse fato: só elevaremos nosso País ao patamar das nações mais desenvolvidas se abandonarmos a cultura de curto prazo que ora impera e pensarmos o Brasil para daqui a 20, 30 anos, apontando e nos comprometendo com metas e objetivos que precisam do apoio e do esforço de toda a sociedade, unida. Isso não quer dizer que o nosso presente ou futuro próximo precisam ser ruins. Significa que temos de ter consciência de que os avanços se darão passo a passo, com segurança e sem precipitação, imprudência ou trapalhadas.
Fatalmente, cedo ou tarde, sairemos da crise econômica. Mas e depois? Continuaremos a nos contentar com a baixíssima qualidade da saúde pública, com os assombrosos índices de criminalidade, com o péssimo ensino público brasileiro, com a precariedade da mobilidade urbana, com a pouca produtividade da nossa indústria? Certamente que não!
Um novo Brasil é possível. Mas, para que ele surja, é preciso planejamento, responsabilidade, capacidade executiva e muito trabalho. Antes de tudo, é necessário recuperarmos a confiança, algo que o governo federal destruiu nos últimos anos. Infelizmente, hoje, nem a sociedade, nem os investidores, nem os trabalhadores acreditam nas promessas do governo ou na sua capacidade de transformação. E, pelo histórico, sou cético em relação à capacidade da atual administração de resgatar essa confiança.
De qualquer forma, continuarei a apresentar minhas ideias, discutindo-as e defendo-as aqui no Senado e também com toda a sociedade. Continuarei a trabalhar para atingir as bases para a retomada do crescimento econômico. Mas, muito mais do que isso, para que enfrentemos essa agenda de reformas, essencial para que no futuro tenhamos um País mais evoluído, com melhor qualidade de vida e de oportunidades para todos. É o caminho que proponho. É o caminho que seguirei.
Artigo do senador Antonio Anastasia (PSDB-MG) publicado neste domingo (14) no jornal Hoje em Dia.