*Coluna semanal assinada pelo presidente nacional do PSDB publicada na Folha de S. Paulo desta segunda-feira (17/04)
Marcelo Odebrecht, em depoimento de 12/12/2016, diz: “Ele (Aécio) nunca teve uma conversa para mim de pedir nada vinculado a nada.”
Benedito Jr., em depoimento prestado em 14/12/2016, diz: “Nós dissemos que poderíamos pagar lá fora, que não tínhamos como pagar no Brasil e lá fora eles (minha campanha de 2014) não quiseram receber”.
É provável que, mesmo com os noticiários inundados de reportagens referentes às delações da Odebrecht, você não tenha visto essas afirmações de dois dos mais importantes colaboradores da empresa.
O fim do sigilo das delações foi passo importante na busca da verdade que nos move neste momento. Foi também fundamental para que a população pudesse ter acesso direto à integra dos depoimentos, sem mediações ou manipulações.
No meu caso, ele não trouxe nenhuma novidade, já que todo o conteúdo havia sido antecipadamente vazado e divulgado em amplas reportagens. Cinco inquéritos foram abertos para investigar citações feitas ao meu nome.
Três deles investigarão solicitações de apoio que eu teria feito na condição de líder partidário para campanhas de aliados em 2010 e 2014.
Outro inquérito diz respeito à Cidade Administrativa, obra muito falada e pouco conhecida. Aproveito para convidar você a conhecer o projeto no site www.cidadeadministrativamg.com.br. O edital de licitação foi previamente apresentado ao Ministério Público e ao Tribunal de Contas e a obra foi auditada em tempo real por empresa independente, sem que qualquer irregularidade tivesse sido identificada.
O quinto investigará o tipo de ajuda que eu poderia ter dado a obras de hidrelétricas licitadas e conduzidas pelo governo federal do PT.
Mesmo nesse tema, o delator informa que a única conversa que teria tido comigo ocorreu na presença de Marcelo Odebrecht e que teria sido uma “conversa republicana” e que “em nenhum momento se falou de propina, de pagamento, de nada”.
Agora é importante que as investigações avancem para que cada situação possa ganhar o seu contorno próprio de realidade.
Há muito tempo defendo que precisamos enfrentar o debate das diferenças de condutas e situações que acabam parecendo semelhantes em narrativas apressadas, quando não estimuladas por interesses políticos específicos.
A quem interessa fazer parecer igual o que é diferente?
Falei em separar o joio do trigo. Em artigo publicado nesta Folha (16/4), o ministro Carlos Ayres Britto falou em separar o joio do joio.
Podemos estar falando, sim, em separar o joio do joio. Mas há que separar. Repito o que já disse: tão injusto quanto tratar de forma diferente o que é igual é tratar de forma igual o que é diferente.