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Chineses demonstram interesse no mercado brasileiro

A primeira atividade oficial do presidente da Câmara dos Deputados, Marco Maia, e comitiva na China aconteceu semana passada em uma visita ao Porto de Yangshan, a cerca de 120 km do Centro de Shangai. Como o litoral de Shangai possui águas rasas, sem capacidade de receber em sua costa navios de grande calado, mas se encontra em uma região estratégica da Ásia, o governo chinês optou por construir o Porto de Yangshan, junto a três pequenas ilhas a cerca de 30 km do litoral, onde a profundidade chega a 30 metros. Embora ainda em obras, o Porto já está em operação, tendo movimentado mais de 10 milhões de containers em 2011, o que o tornou o terminal de maior movimento no mundo.

A conclusão das obras está prevista para 2020, quando o local deverá movimentar até 15 milhões de containers anualmente. Para chegar ao Porto, foi construída a Ponte Donghai com 32 km de extensão sobre águas marítimas e duas pistas para cada sentido. Trata-se da segunda maior ponte do mundo em extensão sobre o mar, posição que passou a ocupar, recentemente, com a inauguração, também na China, da Ponte da Baía de Hangzhou.

Segundo o vice-diretor do Porto de Yangshan, Wang Jianming, que recepcionou a comitiva brasileira, o investimento total do empreendimento alcançou, até o momento, pouco mais de U$ 6 bilhões.

No segundo dia de agenda na China, a comitiva da Câmara dos Deputados, liderada pelo presidente Marco Maia, visitou o estaleiro Waigaoqio – Construção Naval Ltda (CSSC), ainda em Shangai. O estaleiro é o quinto do mundo em tamanho, mas o primeiro em produção, segundo Xu Ping, vice-presidente da companhia, que recepcionou a comitiva. Ainda segundo Xu, 95% da produção de cerca de 200 navios produzidos anualmente são para exportação. A principal encomenda é de navios graneleiros (em 2011, foram entregues mais de 50). A CSSC possui 20 mil trabalhadores, sendo mil pesquisadores. A companhia possui subsidiárias na Europa, América do Norte e em outros países da própria Ásia.

Segundo Xu, a crise econômica internacional fez com que caísse muito a demanda, o que preocupa o governo chinês que optou por diminuir o ritmo de investimentos no setor. Para enfrentar este momento, a companhia abriu novas frentes de produção, como a construção de plataformas marítimas ou navios com alta tecnologia. Neste momento, quatro estão sendo montadas no estaleiro.

“Gostaríamos muito de comercializar nossos produtos com o Brasil, embora saibamos que os brasileiros também começaram a construir navios e que essa nova indústria tem um grande futuro pela frente”, disse Xu. “É muito importante podermos compartilhar informações e tecnologias. A própria história recente dos povos da China e do Brasil apresentam muitas semelhanças e temos de aproveitar nossas experiências para transformá-las em melhor qualidade de vida para nossas populações”, disse Marco Maia.

Comitê Permanente da Assembleia Popular de Shangai

Após a visita às instalações operacionais do estaleiro Waigaoqio, o presidente Marco Maia e a delegação brasileira foram recebidos pelo presidente do Comitê Permanente da Assembleia Popular do Município de Shangai, Luo Zhijun (o Comitê Permanente é similar a um comitê executivo que atua durante todo o ano, inclusive quando a Assembleia não está reunida).

Vale destacar que Shangai, assim como Beijing, Shongqing e Tianjin são cidades com status especial, que não pertencem a nenhuma província e são subordinadas diretamente ao governo central. Luo destacou o rápido desenvolvimento brasileiro nos últimos anos, assim como a China, em especial Shangai, que alcançou o índice de 8,5% de crescimento em 2011, apesar da crise econômica internacional. Sua expectativa é de que a visita do presidente da Câmara incentive a promoção do intercâmbio entre os legislativos das duas nações. “O Brasil tem muitas experiências que a China tem de aprender. Como os dois países vem promovendo muitas reformas, esta é uma boa oportunidade para estreitarmos nossa amizade”, disse Luo.

Marco Maia destacou a importância que a Câmara dos Deputados do Brasil dá a este encontro, citando a representatividade dos deputados que compõem a sua delegação. Lembrou, ainda, que nos últimos anos vários acordos foram firmados entre as duas nações, que trouxeram bons resultados políticos e econômicos para ambos, e que este é um bom momento para conectar os parlamentos dos dois países para aprofundar o desenvolvimento bilateral. “A parceria entre o Brasil e a China certamente impulsionará o desenvolvimento dos dois países. O caminho a ser trilhado pelas duas nações pode mudar a história do mundo”, disse Marco Maia, lembrando o fato de que os dois países vem incrementando políticas de distribuição de renda para suas populações, que por suas dimensões quantitativas abrem oportunidades de negócios para o mundo todo.

Banda larga

Ainda na segunda-feira (04), a comitiva foi recebida no novo Centro de Pesquisa da Huawei, empresa chinesa totalmente privada que produz equipamentos para redes e telecomunicações, atuando em 120 países no mundo, entre eles o Brasil.

Durante palestra de executivos da Huawei, Marco Maia e comitiva ouviram do vice-presidente mundial da empresa, Qu Wenchu, que a companhia pretende seguir investindo no Brasil, onde já possui uma fábrica instalada em Campinas (SP), que emprega quase quatro mil trabalhadores diretos, outros 13 mil indiretos e cujas vendas contratadas alcançaram U$ 1,7 milhões em 2011.

Wenchu afirmou que a prioridade da Huawei no Brasil é disputar o mercado de tablets e smartphones. “Com o desenvolvimento da banda larga no país, será possível aumentar muito a velocidade de tráfego das informações. Queremos cooperar neste campo, pois assim como na China, o Brasil também possui uma área rural muito grande e podemos oferecer soluções para conectar o povo que vive nestas áreas”, afirmou Wenchu, ao mesmo tempo em que contou que a empresa tem como meta ampliar seu faturamento atual de U$32 bilhões para U$72 bilhões até 2015.

Marco Maia reconheceu a importância da presença da Huawei no Brasil, tanto na área econômica, quanto pelo trabalho de Pesquisa e Desenvolvimento que realiza, pois ajuda a formar bons quadros técnicos no próprio país. “Em breve, com a implantação da banda larga no Brasil, abrem-se oportunidades para novos investimentos. E queremos que parte desses investimentos da Huawei seja destinada ao nosso país. A Huawei pode ajudar muito o Brasil”, concluiu.

Missão à China

A comitiva brasileira seguiu ainda para Nanjing. Depois, os parlamentares viajam para a capital Pequim, onde devem se recebidos pelo presidente da República, Hu Jintao, e pelo Primeiro-Ministro, Wen Jiabao. Integram a comitiva, além do presidente Marco Maia (PT/RS), os deputados Jilmar Tatto (PT/SP), Líder do PT na Câmara, Bruno Araújo (PSDB/PE), Líder do PSDB, Perpétua Almeida (PCdoB/AC), presidente da Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional, Osmar Júnior (PCdoB/PI), presidente do Grupo Parlamentar de Amizade Brasil – China, e Fábio Ramalho (PV/MG).

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