Mais da metade dos 163 empreendimentos necessários para garantir o abastecimento de energia estão atrasados
Brasília – A um ano e cinco meses da realização da Copa do Mundo de 2014, o fornecimento de energia está ameaçado em boa parte das cidades-sede do mundial. Segundo reportagem do jornal Folha de São Paulo, relatório da Agência Nacional de Energia Elétrica (Aneel), concluído em dezembro de 2012, revela que mais da metade dos 163 empreendimentos elétricos necessários para garantir o abastecimento de energia no período estão atrasados. Apenas duas, das 12 capitais que sediarão os jogos, encontram-se com as obras em dia: Fortaleza e Recife. O restante – Brasília, São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Porto Alegre, Manaus, Salvador, Natal, Cuiabá e Curitiba – apresenta atrasos no cronograma.
A situação é ainda mais preocupante em Porto Alegre e Brasília, que apresentam mais atrasos. Das 26 obras previstas para a capital do Rio Grande do Sul, conduzidas pela Companhia Estadual de Distribuição de Energia Elétrica (CEEE), 25 estão fora do prazo, o equivalente a 96% delas. Já em Brasília, dez das 11 obras estão atrasadas, cerca de 90,9%. Entre elas, a ampliação e modernização de subestações de energia, além de novas linhas de transmissão e distribuição que visam evitar a interrupção do abastecimento em estádios, aeroportos e vias públicas.
Para o deputado federal Nelson Marchezan Jr. (PSDB-RS), o problema evidenciado pelo relatório é apenas a ponta do iceberg. “Esses atrasos na estrutura de energia elétrica são apenas uma parte do retrato, da fotografia de um cenário que o PT desenhou na última década. Todos os serviços que o estado tem controle estão uma catástrofe”, lamenta. “Tanto no caso da energia, como nos transportes aéreos, as pessoas são tratadas como gado. A questão da energia tem um reflexo ainda maior porque lida com o desenvolvimento do país. Estamos vendo um total definhamento das estruturas públicas, das instituições, da credibilidade no Brasil”, mensura.
O parlamentar acredita que os reflexos da má gestão em âmbito federal sejam transmitidos para a administração do partido em âmbito estadual, especialmente no Rio Grande do Sul, governado pelo petista Tarso Genro. “Os índices de crescimento do setor público não têm mais nenhuma credibilidade. Os economistas estão amordaçados, não podem falar da real extensão do que acontece na economia. Não se constrói um sistema de comunicação que dê estrutura, um setor de infraestrutura na área da aviação e da energia. Tudo isso é consequência de um governo sem rumo. Desse jeito, não podemos esperar que a economia vá bem”, pontua.
Obras no DF – Em Brasília, ainda existe o risco de que as obras não se concretizem até a Copa das Confederações, que acontece em junho. Isso porque uma das linhas de distribuição que abastecerá o Estádio Nacional Mané Garrinha, que deveria ser concluída em março, será entregue apenas em junho. A primeira partida do torneio na capital federal, entre Brasil e Japão, será no dia 15. “Aqui a preocupação é maior porque temos uma administração ineficiente. Sofremos com quedas de energia a todo o tempo, sempre que chove ou aparece uma nuvem no céu. O planejamento da área é precário”, afirma o deputado federal Izalci Lucas (PSDB-DF).
“O mais lamentável é a herança da Copa com relação à infraestrutura. A Copa está chegando e não estamos vendo a infraestrutura necessária para isso acontecer”, diz. O parlamentar relembra as promessas do governo do Distrito Federal, administrado pelo petista Agnelo Queiroz, na área de transportes. Enquanto o projeto do Veículo Leve sobre Trilhos (VLT), embargado por conta de irregularidades na licitação, não será concluído até 2014, o sistema de integração do transporte público segue mal planejado. “O que vamos herdar será apenas o estádio que lamentavelmente ficará parado depois, com um retorno muito baixo do altíssimo investimento feito”, compara.
O parlamentar define a atuação do governo federal na organização dos torneios como uma total falta de planejamento. “Nestes momentos, a gente percebe que a fama de boa gestora da presidente Dilma não passa de marketing. Vemos claramente obras que foram anunciadas, mas que na prática só ficaram no anúncio. Aquilo que está sendo prometido não está sendo cumprido”, completa.