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Cientistas elogiam políticas para Amazônia

A luta pela preservação da Amazônia ganha novamente espaço em uma revista científica de renome internacional, a Science. Só que desta vez é para elogiar e não criticar. Cientistas brasileiros e americanos apresentam um balanço positivo dos esforços governamentais para conter a sua devastação, apesar do aumento das taxas de desmatamento dos últimos anos.
¥Não estamos abrindo as portas do paraíso. Apenas preferimos ver o copo como meio cheio, em vez de meio vazio¥, diz a bióloga Ana Cristina Barros, diretora do Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) e uma das autoras do artigo, publicado no Fórum de Políticas da revista.
O texto é assinado também por pesquisadores do Woods Hole Research Center, em Massachusetts, que trabalham em parceria com o Ipam, no Pará. Ambos são institutos de pesquisa sem fins lucrativos. Os cientistas destacam os programas de combate a queimadas e de licenciamento das propriedades rurais por meio de imagens de satélites, além da reintegração de terras griladas como ações que prometem resultados positivos para a Amazônia.
¥A grande mudança no modelo de desmatamento é que a fronteira está entrando em uma zona mais úmida, muito mais favorável à exploração florestal do que à agricultura¥, diz o americano Dan Nepstad, cientista do Woods Hole e um dos fundadores do Ipam, que pesquisa a Amazônia há quase 20 anos. ¥Nesse sentido, os esforços do governo brasileiro deverão refletir em menores taxas de desflorestamento nos próximos anos.¥
Segundo os pesquisadores, novas regulamentações sobre o uso da terra na Amazônia permitem conciliar conservação ambiental e desenvolvimento de maneira pioneira. ¥O desenvolvimento econômico é vital, já que 17 milhões de pessoas da região vivem com menos de US$ 100 mensais¥, escrevem os cientistas. ¥Interpretamos muitos dos investimentos em infra-estrutura (incluindo a pavimentação de estradas e a canalização de rios) como inevitáveis.¥ Mesmo com o programa Avança Brasil, diz Nepstad, seria possível manter de 70% a 80% da floresta em pé, desde que as regulamentações ambientais sejam aplicadas. Até hoje, 15% da Amazônia já foi desmatada, legal ou ilegalmente.
Estradas – A abertura e pavimentação de estradas – um dos pontos centrais do Avança Brasil – é vista como uma das principais ameaças à preservação da floresta mas também como um importante agente de desenvolvimento. Segundo Ana Cristina, 75% do desmatamento na Amazônia está associado a estradas. ¥A pavimentação provoca um frenesi de extração madeireira e de desmatamento que historicamente supera a capacidade do governo de controlar essas atividades¥, diz um relatório do Ipam sobre a rodovia Cuiabá-Santarém (BR-163), aberta em 1974.
A mesma estrada, com mais de mil quilômetros de terra, é citada no artigo como exemplo de um cenário que pode mudar para melhor. ¥Apenas 5% da floresta em um raio de 50 quilômetros da estrada foi desmatada, comparado a 26% a 58% das florestas ao longo de estradas pavimentadas 20 a 30 anos atrás¥, escrevem os pesquisadores. ¥Achamos que é possível fazer um desmatamento controlado¥, diz Ana Cristina.
De acordo com o artigo, a pavimentação da Cuiabá-Santarém significaria uma economia de US$ 70 milhões no transporte de grãos, que hoje saem pelo Porto de Santos e poderiam escoar por Santarém, no Rio Amazonas. O setor madeireiro também seria beneficiado. Esses benefícios poderiam ser revertidos em impostos e pedágios para financiar os esforços de preservação.

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