Com o acúmulo incessante de denúncias e investigações contra sua cúpula, o PT acumula a maior perda de filiados na sua história, superior inclusive àquela sofrida após o escândalo do mensalão. Dados obtidos pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) apontam que, de 2016 até maio deste ano, o partido registrou uma redução de 7.458 integrantes. A maior parte (3.875) deu-se nos cinco meses de 2017. As baixas do partido em 2016 e 2017 já são o triplo das ocorridas em 2014, ano de conclusão do julgamento do mensalão.
Reportagem do jornal O Globo desta segunda-feira (3) mostra que, ainda em 2014, a redução de filiados havia sido de 2.514 e era a primeira vez em sua trajetória que o partido não ampliava sua massa de apoiadores. No ano seguinte, em 2015, pós reeleição da ex-presidente Dilma Rousseff, a sigla conseguiu recuperar alguns simpatizantes, mas durou pouco. O PT tem hoje 1,5 milhão de filiados.
Na avaliação do deputado federal Betinho Gomes (PSDB-PE), a queda expressiva do número de filiados é efeito direto dos desdobramentos da Operação Lava Jato, que atingiram em cheio membros do partido.
“Isso revela uma grande descrença dos seus militantes com a posição do partido, que foi para uma linha de fazer um discurso cínico, que não bate com sua história, com aquilo que eles supostamente defendiam em relação à ética e à franqueza com que tratavam determinados temas. Certamente, esse desapontamento tem afastado a militância petista”, afirmou.
Num movimento contrário, o PSDB está prestes a completar uma das expressivas marcas de sua história: a filiação de 1,5 milhão de brasileiros. Atualmente, 1.496.248 pessoas estão filiadas ao partido, número que cresce ano após ano em função do compromisso demonstrado pelos quadros tucanos com a responsabilidade e a estabilidade econômica do país.
Em menos de um ano e meio, mais de 40 mil pessoas juntaram-se aos quadros tucanos, um crescimento que vem tendo reflexos diretos nas urnas. Nas eleições municipais de 2016, o partido obteve seu melhor resultado em todos os tempos, elegendo 804 prefeitos – sendo sete em capitais – e mais de 5.300 vereadores em todos os estados.
Lava Jato
A reportagem mostra ainda que, de acordo com um estudo sobre a relação entre partidos e filiados no Brasil, a professora de Ciências Políticas Maria do Socorro Sousa Braga, da Ufscar, revelou que a Lava Jato mostrou na eleição de 2016 o potencial de estrago para partidos envolvidos em denúncias.
Naquele ano, o PT, o principal alvo das investigações, teve o maior fracasso eleitoral desde a conquista da Presidência. A sigla elegeu 254 prefeitos, menos da metade dos 635 de 2012.
Segundo o tucano, as baixas do PT são um retrato também do amplo esgotamento de um sistema político que precisa ser revisto urgentemente. “No caso do PT especificamente, há uma grande contradição. O partido sempre foi associado a um discurso forte de ética, de esperança e combate à corrupção na sua fundação, e, hoje, contradiz tudo em relação ao que eles defendiam e pregavam no passado”, completou.