Às vésperas de completar 10 dias da prisão do senador Delcídio do Amaral (PT-MS), a presidente Dilma Rousseff falou, pela primeira vez, sobre o assunto. Ela se diz “perplexa” e surpresa com a prisão do líder governista e declarou não temer uma possível delação premiada em que ele participe. A afirmação aconteceu nesta segunda-feira (30) em Paris na COP21, a Conferência do Clima da ONU.
Dilma negou ainda que tenha indicado Nestor Cerveró para a diretoria internacional da Petrobras e ressaltou “conhecer pouco” o banqueiro André Esteves, também preso pela Operação Lava Jato no mesmo dia que Delcídio, na última quarta-feira (25). O senador está preso preventivamente em Brasília, acusado de obstruir as investigações da Operação Lava Jato e tentar impedir uma delação de Cerveró, como a promessa de facilitar sua fuga, conforme matéria publicada hoje (1) no jornal Folha de São Paulo.
Para o deputado Samuel Moreira (PSDB-SP), a declaração da presidente era previsível.Mas acrescentou: “Trata-se do líder do governo, alguém da sua absoluta confiança, alguém que ela nomeou. Eu acredito, que no íntimo dela, haja mais que perplexidade, haja até um certo temor de que isso abale o governo como um todo”, acredita.
De acordo com a versão dada por Delcídio, em depoimento à Polícia Federal, a indicação de Cerveró para dirigir a área internacional Petrobras teria passado por Dilma em 2003, quando ela era ministra de Minas e Energia do governo Lula. A presidente nega as acusações e diz não ter contato algum com Cerveró.
Dilma também não confirmou a versão de que ela saberia sobre supostas irregularidades na negociação de compra da refinaria de Pasadena, nos EUA.
Sobre uma possível abertura de processo de impeachment, a presidente disse que a ameaça vem sendo feita sistematicamente e que caso ocorra o governo vai protestar, vai tomar todas as medidas necessárias.