Doações foram oriundas de 21 empresas, entre elas empreiteiras investigadas pela Lava Jato
A campanha de 2014 da presidente Dilma Rousseff recebeu R$ 31,6 milhões da Direção Nacional do PT, cujo caixa era administrado pelo tesoureiro afastado João Vaccari Neto. O valor repassado pela legenda à candidata à reeleição foi oriundo da doação de 21 empresas, entre elas empreiteiras investigadas na Operação Lava-Jato.
Do partido, saiu pouco mais de R$ 1 milhão doado pela Andrade Gutierrez; R$ 1,9 milhão, da Odebrecht; e R$ 2,8 milhões, da Braskem, num total de R$ 5,7 milhões.
Em 2010, foram repassados R$ 171 mil do caixa da Direção Nacional do partido à campanha de Dilma. As empresas, no entanto, não são especificadas, porque a legislação não obrigava os partidos a identificar a origem das doações nos repasses da Direção Nacional às campanhas.
O ex-gerente de serviços da estatal Pedro Barusco afirmou em sua delação premiada que Vaccari recebeu cerca de US$ 200 milhões em nome do PT no esquema investigado pela Lava-Jato. De acordo com denúncia do Ministério Público Federal, Vaccari participava de reuniões com o ex-gerente de Serviços da estatal Renato Duque para tratar de pagamentos de propina, que eram repassados por meio de doações oficiais ao PT. Dessa maneira, os valores chegavam como doação lícita, mas eram oriundas de propina. O Ministério Público Federal aponta que foram 24 doações em 18 meses, no valor de R$ 4,2 milhões.
O tesoureiro do PT indicava em que contas deveriam ser depositados os recursos de propina, segundo o Ministério Público Federal. “Vaccari tinha consciência de que os pagamentos eram feitos a título de propina”, afirma o procurador Deltan Dallagnol, na denúncia que foi aceita pela Justiça Federal do Paraná.
* Por Bruno Góes, em O GLOBO desta sexta (17/04)