A decisão da direção do Laboratório Farmacêutico de Pernambuco (Lafepe) de impedir, na última quinta-feira, a entrada de um grupo de parlamentares da bancada de oposição de realizarem uma visita de fiscalização deu o que falar, nesta segunda-feira, no plenário da Assembleia Legislativa. Líder da Oposição, o deputado Daniel Coelho subiu à tribuna para denunciar a situação das farmácias do Lafepe no Estado e para criticar a “infeliz decisão” da diretoria do laboratório de barrar a comissão – que foi formada por Terezinha Nunes, Betinho Gomes, Severino Ramos, além do próprio Daniel.
“Nós não passamos da grade. A diretoria do Lafepe nos recebeu do lado de dentro da grade, não permitindo que a bancada de oposição fizesse a fiscalização. Mais: fizemos perguntas e questionamentos e nem aí fomos respondidos. É triste a gente ver, em primeiro lugar, que um laboratório que foi referência, idealizado pelo ex-governador Miguel
Arraes, esteja num completo abandono. Além de estarem prestando um péssimo serviço à sociedade pernambucana, ainda impediram que a fiscalização fosse feita, impediram a entrada dos parlamentares. Isso demonstra a maneira com que o Poder Legislativo é tratado neste governo”, declarou Daniel Coelho, que considerou esta uma “decisão infeliz daqueles que dirigem hoje o Lafepe”.
Em aparte, o deputado Maviael Cavalcanti não escondeu a irritação e cogitou, inclusive, que fosse dado entrada num pedido de CPI para investigar a situação. “Desde quando diretor tem competência para barrar a presença de Parlamentar? Isso é um desrespeito à Constituição. Isso é um desrespeito ao Poder Legislativo. Se eu fosse governo, diria o mesmo que estou dizendo. Não concordaria nunca.
Então, fecha logo a Assembleia”, reclamou, antes de prosseguir: “Eu sugiro a Vossa Excelência (falando para Daniel Coelho) que requeira uma CPI para investigar e para que sejam punidos aqueles que impediram o (trabalho) parlamentar e foram de encontro à Constituição, em respeito ao Poder Legislativo. Já imaginou se o governador chegasse aqui e o Poder barrasse a entrada dele?”
Antes de serem impedidos de entrar na unidade de produção do Lafepe, os parlamentares visitaram uma farmácia, localizada no Centro do Recife. Lá, puderam comprovar algumas das denúncias que vêm recebendo. “Lá, pudemos constatar exatamente a denúncia que havia sido feita pela população: existiam poucos remédios disponíveis. De mais de 50 medicamentos que deviam ser vendidos pelo Lafepe, apenas 12 estavam nas prateleiras. Destes 12, a sua grande maioria não era de produção do Lafepe, e sim remédios de laboratórios genéricos, que estavam sendo vendidos pelo preço de mercado”, ressaltou. “Além disso, nesta e em todas as outras farmácias visitadas pela assessoria da bancada de oposição, não havia farmacêutico, o que é uma obrigação legal. Não pode funcionar uma farmácia sem farmacêutico. Se fosse uma farmácia da iniciativa privada, com certeza seria fechada por qualquer fiscalização”, frisou o líder da Oposição na Assembleia.