As delações premiadas de executivos da Andrade Gutierrez complicam a situação da presidente Dilma Rousseff não apenas no Congresso Nacional, onde enfrenta processo de impeachment, mas também na Justiça Eleitoral. Como o ex-presidente da empreiteira Otávio de Azevedo e outros ex-executivos ligados à construtora afirmaram que o dinheiro que irrigou as contas da campanha de Dilma em 2014 teve origem em propinas recebidas no “petrolão”, os processos que tramitam contra a petista no TSE (Tribunal Superior Eleitoral) terão que investigar a origem ilícita dos recursos.
De acordo com matéria do jornal O Globo, os executivos da segunda maior empreiteira do país são os primeiros a vincular propinas por obras públicas às doações legais para para campanha de Dilma, o que já havia sido mencionado por operadores do esquema. As delações foram homologadas pelo ministro Teori Zavascki, relator da operação Lava Jato no Supremo Tribunal Federal (STF). No TSE, o processo pode resultar na cassação da chapa formada pela petista e o vice, Michel Temer (PMDB).
Para o deputado federal Pedro Cunha Lima (PSDB-PB), o delação premiada da Andrade Gutierrez é mais um fato que comprova que a eleição de 2014 foi “viciada”. “Ela deve ser anulada pelo TSE para termos novas eleições e o povo brasileiro possa escolher quem vai representá-los de maneira legítima e legal. É mais um fato dentro do sistema, de um aparato de corrupção que o PT criou e institucionalizou. Precisamos apurar no processo político, e é isso que o Congresso Nacional faz agora e a Câmara deve julgar em breve a admissibilidade do impeachment, mas também no contexto do Judiciário, um ambiente próprio para que se apure a lisura da eleição de 2014”, afirmou.
Doações
As informações sobre a delação de Azevedo foram divulgadas pelo jornal Folha de S.Paulo e uma planilha entregue à Polícia Federal traz a relação de doações feitas em 2010, 2012 e 2014. Entre os valores listados, cerca de R$ 10 milhões teriam ido para campanhas de Dilma, vinculados a contratos com obras públicas superfaturadas.
Segundo O Globo, Azevedo disse ainda que parte do dinheiro repassado teria como origem obras superfaturadas para a construção do Complexo Petroquímico do Rio, de Angra 3 e da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Pará. A delação também faz referência a irregularidades em obras para estádios da Copa do Mundo, em 2014, como Maracanã (Rio), Mané Garrincha (Brasília) e a Arena Amazonas (Manaus) – neste caso, estariam vinculadas a político do PT e do PMDB.