Nos depoimentos dos colaboradores João Pacífico Ferreira e Cláudio Melo Filho, ex-executivos da Odebrechet, fica explícito que as doações feitas pela empresa ao ministro das Cidades, deputado federal licenciado Bruno Araújo (PSDB-PE), não foram feitas mediante contrapartida do tucano.
Em seu relato, Pacífico destaca as relações pessoais que afirma ter com a família do ministro, o qual diz conhecer desde a adolescência. E deixa claro que as doações da empresa, feitas à campanha de Bruno Araújo em 2010, foram em razão das relações pessoais e pela aposta aposta de que o tucano “viria a ser um político de destaque”. Já Melo Filho diz ter mantido com o ministro uma relação “fraternal, institucional, profissional” que nunca passou por “nenhuma solicitação de nada em termos de campanha”.
Em matéria da Veja On Line desta terça-feira (18/04), assinada por Reinaldo Azevedo, há trechos dos depoimentos dos dois ex-executivos da Odebrechet. Veja abaixo o que disse João Pacífico:
PROCURADOR – Concretamente, ele auxiliou a Odebrecht nesses quase seis anos de mandato?
JOÃO PACÍFICO – Olhe, eu o apresentei ao Cláudio Melo Filho [outro ex-diretor da Odebrecht] (…)
E Pacífico cita trechos da delação de Melo Filho, mas é interrompido pelo procurador. Aos 2min57s, volta o procurador:
PROCURADOR – Concretamente, o senhor se lembra de algum pedido que foi feito, se ele [Bruno] trabalhou em favor da Odebrecht, em benefício da Odebrecht, alguma Medida Provisória, algum ato legislativo.
JOÃO PACÍFICO – Não, não, não!
JOÃO PACÍFICO – Se isso aconteceu, foi através de Cláudio Melo Filho. O que eu fiz foi apresentá-lo [Araújo] a Cláudio Melo.
PROCURADOR – Ouviu falar alguma coisa por intermédio de Cláudio Melo?
JOÃO PACÍFICO – Não, não!
Agora veja o que disse Melo Filho:
MELO FILHO: Eu mantive com ele [Araújo] uma relação fraternal, institucional, profissional.
MELO FILHO: Depois disso, em 2012, eu fui agraciado com a medalha Honra ao Mérito Legislativo, e a indicação foi do próprio deputado. Várias vezes, nós almoçamos juntos, conversamos, nos encontramos em ambientes sociais aqui de Brasília. E gostávamos muito de falar de política (…). A gente sempre falava de política, de Brasil e do meu Estado natal (Bahia). Essa foi a minha relação. Da parte dele, não houve nenhuma solicitação de nada em termos de campanha porque ele tinha a relação dele através do João Pacífico.
PROCURADORA – O João Pacífico relatou ao senhor em que o Bruno poderia ajudar ou estava ajudando os interesses da Odebrecht no Norte ou Nordeste?
MELO FILHO: Não!
ADVOGADO: Qual o interessa da companhia em contribuir com o deputado Bruno Araújo?
MELO FILHO: Bruno é um jovem talentoso politicamente, pelo menos no meu conceito; foi líder do partido dele ainda jovem, quer dizer, tem uma penetração no partido e no Congresso.
(…)
PROCURADORA – O senhor já tratou de algum assunto com ele sobre a Odebrecht?
MELO FILHO: Não!
PROCURADORA: O senhor, no seu relato aqui, informa que também conversou com o deputado Bruno Araújo sobre renovação de contratos de energia do Nordeste.
MELO FILHO: Também conversei sobre isso. Ele é pernambucano. Então, sobre esse tema, eu conversei com parlamentares que eu conhecia, que eram do Nordeste. Bruno foi um deles.
*Leia íntegra de reportagem da Veja On Line com vídeos dos depoimentos clicando aqui