Brasília (DF) – O péssimo cenário econômico brasileiro e a retração nas vendas resultaram na queda do número de montadoras chinesas que investem no mercado de caminhões. Em 2015, os projetos cancelados ou adiados no país somam ao menos R$ 1,74 bilhão. As informações são do jornal O Globo desta terça-feira (11).
A reportagem apontou que, diante de tantos fatores negativos, a empresa Dongfeng, que pretendia se instalar em Pouso Alegre, Minas Gerais, com recursos de R$ 1 bilhão, anunciou que não virá mais. A Yunlihong, que abriria uma fábrica no município de Camaquão, no Rio Grande do Sul, com aporte de US$ 100 milhões, também desistiu.
Além dessas, outras montadoras que já estão presentes no Brasil por meio da importação de veículos ou de caminhões adiaram seus projetos no país. A chinesa JAC, que pretendia fabricar caminhões urbanos em complemento à produção de automóveis, adiou os planos de investir R$ 100 milhões na Bahia, sem previsão de retorno.
O caso é o mesmo da Sinotruk, que investiria R$ 300 milhões na cidade de Lages, em Santa Catarina. Sem início, o cronograma das obras acumula um ano de atraso. Apenas com os projetos abandonados ou atrasados, o país deixou de criar cerca de quatro mil postos de trabalho.
Deterioração
Segundo o professor de Macroeconomia da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi), Silvio Paixão, a deterioração econômica foi uma das razões para o adiamento ou desistência dos investimentos, principalmente no mercado automobilístico. De acordo com ele, antes da crise qualquer investimento tinha retorno num prazo médio de cinco anos. Agora, são necessários mais de 10 anos.
“Quando a maior parte destes recursos foi anunciada, trabalhava-se com uma estimativa de PIB médio acima de 2% ao ano. Vamos ter recessão este ano. Acredito que a recuperação aconteça a partir de 2018. A situação atual mudou muito as bases decisórias para qualquer investimento, por isso, várias empresas decidiram congelar projetos ou simplesmente diminuíram o ritmo”, explicou.