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“Dilma, o Tempo e a Razão”, por Antônio Marcus Machado

antonioitv2-300x217A cada nova decisão o governo federal consolida uma velha certeza: está praticando o improviso, decidindo de forma reativa e não, como deveria, de forma proativa. Nessa segunda semana de setembro, por exemplo, anunciou o aumento de impostos e corte da realização de concursos, dentre outras medidas restritivas, sem o menor diálogo com a sociedade civil organizada, de forma tecnocrata e excludente. Pretensamente vestida com os trajes do argumento da busca pelo equilíbrio fiscal, desnuda-se com a incoerencia de seus efeitos em relação ao crescimento economico que o país tanto nescessita.

 Para combater a grave recessão da década de 1930, os norte americanos trocaram o presidente Hoover pelo ousado Roosevelt. Hoover, entendia que não precisava fazer nada, pois o mercado, de per si, resolveria as questões economicas e sociais. A confortável crença na “mão invisível” de Adam Smith. Já Roosevelt, eleito, assumiu as sugestões de Keynes e atuou fortemente na economia americana, cortando gastos públicos improdutivos, mas ampliando os gastos públicos produtivos, geradores de emprego, renda e muito otimismo. Algo que ficou conhecido como o “New Deal”.

 O governo petista, com todo o respeito que um governo democraticamente eleito deve merecer, desconheceu Hoover, mas a tentativa de se assemelhar a Roosevelt gerou um desastre economico de difícil e demorada reparação. Foi incompetente nessa atitude. De certo modo, até irresponsável. Suas atuações no mercado imobiliário, no mercado de energia – especialmente a advinda do petróleo – e no mercado internacional, para não falar de outros, foram uma tragédia shakespeareana, e sua narrativa histórica é uma versão xing-ling de Mary Shelley com o seu Frankenstein.

 A realização de concursos tende a qualificar a produtividade na administração pública, bem como a eficiencia de suas operações funcionais. Cancelá-los é um corte que pode afetar essa condição. Melhor que essa decisão seria reduzir o número de cargos comissionados improdutivos e desnecessários, mantendo apenas os necessários e imprescindíveis. O argumento do governo foi que a CPMF será usada para manter o pagamento dos aposentados. Fica claro assim que além de não haver uma politica voltada à juventude, às suas aspirações e potencial contribuição laborativa ao país, também não há uma politica dedicada aos aposentados, que reconheça e valorize suas histórias de vida e seu potencial consumo de bens e serviços.

 O governo petista é como se fosse uma árvore fina, com galhos imensos e gordos, que sugam sua seiva para alimentar milhares de folhas neles dependuradas, nos galhos qual bandeiras agitadas, diria o poeta de “Chão de Estrelas”. Essa árvore frágil, outrora forte, é o povo brasileiro; os galhos imensos e inchados representam o setor público, e as folhas refletem o aparelhamento desse setor, a acomodação dos companheiros do partido, alguns supostamente ou comprovadamente lambuzando-se na seiva corrompida que escorre das veias abertas dos galhos entrelaçados.

 Senão por ilegitimidade, nada mais digno que, por moralidade, a presidente faça uma mea culpa e abra mão de seu cargo, conquistado de forma ilusória, pois já não mais representa a perspectiva de construção de uma país melhor, mais ético e justo. No seu caso, o tempo não é o senhor da razão, mas a razão é o senhor de seu tempo.

*Antônio Marcus Machado, presidente do Instituto Teotônio Vilela do Espírito Santo 

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