Brasília (DF) – O ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, preso por participação no mensalão e investigado pela Operação Lava Jato, admitiu, em depoimento ao juiz Sérgio Moro, ter recebido favores dos lobistas Milton Pascowitch e Júlio Camargo. Entre os benefícios oferecidos ao petista estavam diversas viagens de jatinho e a reforma de seu imóvel. As informações são de reportagem publicada neste sábado (30/01) pelo jornal O Globo.
Em quase três horas de depoimento, Dirceu admitiu que errou ao aceitar os favores dos lobistas. Segundo seu advogado, o criminalista Roberto Podval, Dirceu sabia que o lobista Milton Pascowitch, um dos operadores do esquema de pagamento de propinas da Petrobras, poderia usar o seu nome em negociatas ilegais, mas negou ao juiz que fosse o mentor do esquema de corrupção.
O ex-ministro revelou que os valores pagos a ele por Pascowitch foram para reformas e decoração de seu apartamento. O pagamento teria sido feito, segundo Podval, em troca da “relação de amizade que ele tinha com Dirceu”.
No depoimento, José Dirceu também disse ter usado o jatinho de outro lobista e delator do esquema na Petrobras, Júlio Camargo. O petista teria justificado que “os aviões que foram cedidos. A vida inteira me foram cedidos”.
O ex-ministro da Casa Civil e braço direito do ex-presidente Lula negou que tenha indicado Renato Duque, também réu da Lava Jato, para o cargo de ex-diretor de Serviços da Petrobras. Duque é acusado de operar propinas para o PT.
A força-tarefa da Lava Jato acredita que a JD Consultoria, empresa de José Dirceu, era uma fachada para o recebimento de propinas de empreiteiras. O petista teria recebido, no total, R$ 11 milhões.