Meu querido Governador Dante de Oliveira,
Governadores de Sergipe e de Goiás,
Dona Vilma, nossa querida Vilma Motta,
Senhores Ministros aqui presentes,
Senhores Parlamentares,
Senhores Presidentes de Assembléias,
Senhores Juízes,
Senhores Desembargadores,
Ministério Público,
Senhores Embaixadores, enfim,
E, principalmente, senhoras e senhores que aqui estão e aqueles que trabalharam na construção desta ponte, que planejaram esta ponte e que são os grandes autores desse novo Mato Grosso,
Estou acostumado a andar com o Governador Dante de Oliveira. Hoje, fiquei surpreso, porque pensei que ele fosse fazer um longo discurso. Pensei que ele fosse me pedir uma porção de coisas. Acho que ele cansou de governar.
Mas, na verdade, é uma tarde, para mim, muito significativa, ao ouvir a Vilma, minha querida amiga de tantos anos, recordando o nosso Sérgio, o nosso ¥Serjão¥; ao ouvir o Governador Dante de Oliveira mostrando por que designou esta ponte com o nome de Sérgio Motta, todos nós, que fomos companheiros do Sérgio – alguns por quase toda a vida – nos emocionamos. O Sérgio merece e o Sérgio é inspiração.
Colocar o nome do Sérgio nessa ponte é convocar a população de Mato Grosso, para que ela continue com esse espírito que o Governador Dante nos mostrou, com tanta ênfase, com essa energia admirável que o Dante tem e que, certamente, é o reflexo de um grande Estado, que ele dirige.
Mas, certamente, esse grande Estado e essa energia do Governador, essa capacidade de se entusiasmar que tem o Governador Dante de Oliveira, não seriam, hoje, expressão tão genuína desse sentimento, não fosse a memória do Sérgio, não fosse o fato de estarmos todos, aqui, para prestar uma homenagem a um grande brasileiro. E um grande brasileiro que nos ensinou muitas coisas, entre as quais essa idéia que o Governador repetiu tantas vezes e que, talvez, seja a razão pela qual o Brasil está deslanchando com tanta rapidez, Dona Telma. É o fato de que o Sérgio sempre soube que não se faz nada sozinho, que é preciso parceria, que é preciso um trabalho em comunhão. Um trabalho em que as pessoas, juntas, acreditem no que estão fazendo.
O Sérgio nunca trabalhou sem ser assim. um espírito autoritário, de temperamento brusco, mas um coração muito humano que, nos momentos mais agudos se sobrepunha aos seus impulsos de personalidade. E ele recordava sempre: ¥Tudo bem, mas estando juntos¥.
Nós estamos juntos, Dante. O Brasil, hoje, está junto, num grande projeto, que está se realizando na democracia, como queria o Sérgio, como queríamos todos nós. É um projeto que está se realizando na seriedade, na honestidade, na simplicidade. Um projeto que não precisa de palavras grandiosas para descrever o seu conteúdo, porque esse conteúdo vai se desabrochando pouco a pouco, vai se mostrando, pouco a pouco, em cada obra que se faz.
O Governador Dante nos falou de várias realizações aqui, em Mato Grosso. Amanhã, lá no Ceará, se inaugura, o Porto de Pecém. Como aqui, como esta ponte – esta ponte, não, essa ponte foi o Governo do Estado. Mas, enquanto tantas obras fizemos em parceria, lá, também, o Governo Federal aporta o que pode, e ele pode mais que os Estados. Então, aporta mais que os Estados.
Mas, o que importa não é ser mais ou ser menos, é que fazemos juntos. E lá, amanhã, haverá a inauguração do Porto de Pecém. Mas, não é o único porto. Participei de várias inaugurações. Às vezes, nem posso ir, nem posso sair de Brasília.
Além do Porto de Pecém, o Porto de Suape, que não acabava, acabou. O Porto de Sepetiba, que não existia, hoje é um dos maiores portos do Brasil. O Porto do Rio de Janeiro é outro. O de Santos também. E, lá no Rio Grande, o Porto do Rio Grande – o Ministro dos Transportes está aqui, sabe disso – é outro porto. Paranaguá é um porto fantástico.
Poderia falar de vários. Nem todos foram feitos nesses 7 anos de Governo. Alguns já existiam, mas todos foram tocados pelo mesmo espírito: iniciativa privada com o Governo mas, sobretudo, espírito público. Seja o Estado ou seja a sociedade, o que conta, agora, é saber se serve ou não serve para os propósitos que estão se desenhando, desse projeto de Brasil que se está efetivando.
Aqui, estou com Governadores de outros Estados. Se formos a Goiás – e quantas vezes fui – vamos ver que lá, também, Governador Dante, são muitas as hidrelétricas. Quantas são, Governador? Cinco hidrelétricas. Goiás, como Mato Grosso, antes, importava energia. Agora, exporta. Mato Grosso não tinha energia. Agora, tem.
Outro dia, fomos juntos – Governador Dante, Governador Marconi – ver essa ferrovia que penetra por Mato Grosso e que, agora, para nossa alegria, já tem 100 quilômetros dentro do Estado de Mato Grosso – de Alto Taquari até Alto Araguaia. Muito bem. E vai chegar, certamente, a Rondonópolis. E vai chegar ao Estado de Rondônia.
Mas, antes de chegar aqui, era preciso fazer outra ponte. Fizemos. É uma ponte imensa, belíssima, que é o orgulho da nossa engenharia. É uma ponte para permitir a ligação entre Mato Grosso do Sul e o Estado de São Paulo. Fui lá, várias vezes. E essa ponte é rodoferroviária – passa trem, passa automóvel. É uma ponte muito bonita. Para depois chegar aqui. Fui a Alto Taquari e os Governadores foram comigo. De lá, quase se vislumbrava Goiás.
Isso que o Governador Dante mostrou aqui – disse, deu os números – essa imensa produção agrícola, esse fato de que a pecuária está avançando, via-se lá. Via-se lá um processo produtivo da pecuária e da agricultura controlada por computadores. Lá no meio de Mato Grosso, no começo de Mato Grosso. E, um pouco ao lado, estava o Estado de Goiás.
Se olho para o Governador de Sergipe, que ali está, que é o mais rico dos três Estados aqui presentes e o maior, se olho para o Estado de Sergipe, o Estado de Sergipe, hoje, é um Estado onde os indicadores sociais são dos melhores. Número um no Nordeste – número um no Nordeste. E esses programas, como o Pronaf, como o assentamento agrário – não sei nunca disser aquela palavra – de Jacarequajetuba, é um projeto fantástico de irrigação e onde, hoje, há exportação de laranja. É um Estado que tem Xingó. Xingó tem 6 turbinas. Cinco foram feitas neste Governo.
Não vou cansá-los. Só quero lhes dizer que esse ímpeto que se vê em Mato Grosso, para nossa alegria, se vê no Brasil inteiro – inteiro. Quando o Presidente está presente, em muitos Estados os Governadores dizem: ¥Presidente, nenhum Presidente fez mais por este Estado do que o senhor.¥ Eu desconto. Mas alguma coisa devemos ter feito, tantos são os Estados que repetem que nunca ninguém fez tanto.
Mas não fui eu quem fez – não fui eu quem fez. Aí, volto a Sérgio Motta: foi um novo espírito. Foi esse espírito de comunhão. Foi essa compreensão deste Brasil democrático, que não aceita a intolerância, que não gosta do arbítrio, que não gosta do ¥você sabe com quem está falando?¥. Isso é o passado.
Temos, realmente, que entender que somos iguais perante a lei. É esse sentimento de que somos iguais perante a lei – seja Presidente – não importa. Tem que haver uma certa simplicidade no exercício das funções e tem que haver esse espírito de compreensão do outro e fazer com que haja objetivos que permitam uma convergência. É isso que faz o Brasil caminhar. E isso vê-se em toda parte. Vê-se no sindicato. Vê-se na Igreja. Vê-se na sociedade civil. Vê-se nas Forças Armadas. Vê-se nas Universidades. Em toda parte. Não que estejam todos de acordo, muito menos com o Presidente. Podem estar até contra. Mas estão, queiram ou não queiram, saibam ou não saibam, vivendo um outro momento. Um momento de democracia, um momento em que é possível organizar os sentimentos, organizar os propósitos, unir forças e fazer deste país um país melhor para seus filhos.
É isso a que assistimos, aqui, com o entusiasmo do Governador Dante
de Oliveira, com o que ele disse sobre seus programas e a
maneira como ele finalizou, mostrando que as obras estão aí. O que conta é a pessoa, são os programas sociais, eu ouço em toda parte. Hoje, é refrão no Brasil.
O que, na década de 70, ninguém falava, porque se tinha a obsessão só pelo crescimento, o que, na década de 80, foi dúvida, na década de 90 é afirmação: faz-se uma transformação da sociedade brasileira.
Esses programas, como o Pronaf, com nomes variados, como o Programa de Erradicação do Trabalho Infantil, todos esses programas existem por todos os lados. Os nomes vão variando, mas o espírito é o mesmo.
Assim como Mato Grosso se orgulha dos seus índices de desenvolvimento, como o Governador mostrou, com toda firmeza, os dados que fundamentam a sua crença neste Estado, se pode dizer que o Brasil tem o mesmo sentimento.
Só para lhes dar um dado, hoje, o Ministro da Saúde me telefonou e me disse: ¥Olhe, Presidente, nós, agora, podemos anunciar que os programas de saúde da família estão atingindo 50 milhões de brasileiros.¥ Cinqüenta milhões. São 50 milhões de brasileiros, que vivem nas regiões mais pobres do país, nos bolsões de pobreza. Nas grandes cidades, não se sabe que essas questões ocorrem, mas, hoje, há um agente de saúde, uma enfermeira ou um médico que bate à sua porta e vai perguntar o que é preciso. Cinqüenta milhões. Precisa mais? Sempre precisa mais. Mas não havia nada. Não havia quase nada organizado para criar uma sociedade mais decente, com uma proteção social efetiva. Começa a haver.
O dado que repito sempre, porque é o que mais me toca – o Reitor da Universidade está aqui e sabe disso -, é o da educação. Quando nasci, a imensa maioria dos brasileiros era analfabeta. Nasci há muitos anos já – mas, mesmo assim, são só 70 – e a imensa maioria da população era analfabeta. Havia mais analfabetos que gente que sabia ler e escrever.
Hoje, podemos dizer, sem demagogia, porque não gosto de demagogia, que, dentro de 10, 15 anos, o analfabetismo terá acabado no Brasil. E por quê? Porque, hoje, 97% das crianças estão nas escolas. Então, é uma questão de tempo e uma questão de persistência, para aqueles bolsões de analfabetismo, de uma ação da sociedade para acabar com eles.
Isto pode parecer que não tem significado. Aqui está o Embaixador da Itália. Talvez, isso, na Itália, não signifique mais nada. Há quantos anos já acabou o analfabetismo lá? Mas, aqui, neste país imenso, de 8 milhões e meio de quilômetros quadrados, aqui, significa muito, porque ouvimos, a vida inteira – quando eu era criança, dizia-se: ¥Ou o Brasil acaba com a saúva ou a saúva acaba com o Brasil.¥ Nenhuma das duas coisas aconteceu. E se dizia que a chaga do Brasil era o analfabetismo. E era. Era essa a nossa preocupação obsessiva. Está morrendo. Está acabando.
Sempre se dizia que era preciso dar terra a quem não tem terra. Pois bem, o Governador Dante mencionou, aqui, que, neste Estado, há 23 milhões de hectares de terras agricultadas. Desapropriei, no Brasil, mais de 20 milhões de hectares de terra. Vinte milhões, ou seja, tudo que se produz em Mato Grosso, o equivalente a isso foi o programa de reforma agrária, que é o maior que já se fez na História contemporânea. Da nossa parte, sem nenhuma violência. Às vezes, tentam. Responde-se com calma e se avança, porque o desatino de uns não justifica a inércia de outros. É preciso continuar e é preciso entender que, assim como temos que acabar com o analfabetismo, temos que dar terra para quem efetivamente trabalha. Estamos dando terra.
Então, há uma sociedade nova. Essa sociedade nova, neste Estado, se exprime talvez com mais força que em quase todos os outros Estados, porque isso aqui é a fronteira nova do Brasil. A famosa Marcha para o Oeste chegou. Hoje, não temos mais para onde marchar. ¥Chegamos à Bolívia¥ – o Governador disse aqui, na estrada 070. Chegamos à Bolívia. E, aí, pára, por favor, Governador. Fazemos a ponte, mas respeitamos nossos queridos bolivianos, que são nossos parceiros do Mercosul e nossos amigos.
E vamos, sim, fazer vários ramais. Fui, na semana passada, ao Chile. Fui a Arica. O Vice-Governador me acompanhou, assistiu àquele povo todo vibrando pela nossa presença lá e pela ligação bioceânica. Hoje, a demanda de estradas é de toda parte. Não precisa ser só uma. Pode ser mais do que uma. Faremos. Não vamos assinar amanhã, porque não tem os recursos, mas vamos mobilizar a sociedade, os interesses para que possamos concretizar pontes e mais pontes que nos liguem, mais e mais, aos nossos vizinhos.
Prometi que falaria pouco e falarei mesmo – mas quero somente lhes dizer que, realmente, quando se vê de perto o que está acontecendo neste Brasil mais profundo, volta-se para Brasília com mais energia.
Talvez até pela idade, jamais terei tanta energia quanto o Dante. Mas, de qualquer forma, alguma eu capto. E, aqui, neste rio Cuiabá, tão bonito, nestes reflexos desse fim de tarde, certamente, é um local propício para que haja mais esse espírito de comunhão, mais espírito de irmandade, sempre ao redor do mesmo objetivo, que é de um novo Brasil.
Esse novo Brasil – o Governador Dante mencionou também – é de cooperação e de responsabilidade. Não se trata de um Presidente que ande pelo Brasil com sacola de dinheiro, distribuindo dinheiro. Não. Não há dinheiro para isso. E não só não há dinheiro para isso, como não é certo. Isso cheiraria, imediatamente, a um passado que não é lá muito louvável. É um Brasil em que cada um vai dar um pouco de si.
Como o Governador Dante pediu pouco, hoje, realmente pouco, vamos tentar ver o que vai ser possível dar, sempre com a contrapartida. Ele está se comprometendo pelo futuro. O Vice está aqui, está ouvindo. O futuro também pode ser que esteja por aqui. Desconfio que sim. E, aí, estão todos aqui, então, de modo que há um compromisso. E esse compromisso está embasado nessa mesma vontade de um projeto nacional, de um Brasil mais forte.
O Dante mencionou algo muito importante, que é o meio ambiente e o monitoramento. Hoje, passei a manhã discutindo o Projeto Sivam-Sipam, que é outra realidade e me custou muito, no início do meu Governo. Houve várias tentativas de CPI. Para quê? Não sei, a não ser para atrapalhar um programa essencial para o Brasil. Agora, tem CPI de novo, só que eles vão lá visitar o Sivam-Sipam e voltam encantados, porque é um projeto de soberania nacional. Mas, muito mais do que isso, é um projeto de conhecimento, é um projeto de transformação da realidade nacional e da utilização do saber, para quê? Não é só para controlar, que já é muito importante, o tráfego aéreo. Mais que isso, é o meio ambiente, é esse programa que o Governador mencionou agora. Nós, hoje, podemos fazer. Temos tecnologia, efetivamente, para utilizar essa metodologia nova e avançar. De modo que isso é possível.
É, também, aqui, o compromisso do Projeto Pantanal, que é muito importante. Assumi, em nome do Governo Federal, a responsabilidade do financiamento dele, e ele começa a avançar.
Então, termino lhes dizendo que é, realmente, uma ponte, a Ponte Sérgio Motta, com o espírito do Sérgio, de ligação entre o presente e o futuro. E, simbolicamente, no Rio Cuiabá. Aqui nasce o Pantanal.
Eu perguntava ao Governador Dante se ainda é possível pescar pacu aqui. Ele sabe que não entendo de pesca, e me disse que sim. Não sei. Mas, mais adiante, é possível. Porque o Pantanal continua sendo, realmente, de uma generosidade, uma natureza tão extraordinária. Sou um dos mais entusiastas do Pantanal que há aqui, no Brasil. Venho sempre que posso. Posso pouco mas, cada vez que posso, venho. Ele nasce aqui, neste rio.
De modo que, Vilma, esta ponte com o nome do seu marido, do meu amigo, nosso querido Sérgio Motta, Governador Dante de Oliveira, está muito bem localizada, está no coração do Brasil. Mato Grosso, pode ser que seja o coração da América do Sul mas, para nós, como é a fronteira máxima é, ta
mbém, um pedaço do coração de todo
o Brasil, irrigado por esse rio, essa ponte atravessando.
Mas, sobretudo, os matogrossenses e as matogrossenses que estão aqui presentes e os que aqui vivem, neste Estado, podem ter certeza de que com esse entusiasmo demonstrado pelo Governador, com esta energia, ninguém vai segurar Mato Grosso. E eu acho que vai ser tri, tetra, pentacampeão. E tomara que seja!
Muito obrigado.