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“Dizer que é contra o racismo não basta, é necessário também agir pela igualdade”, por Juvenal Araújo

Lendo uma matéria da Revista Veja SP do último sábado (22), passei a refletir um pouco sobre a posição do negro na sociedade. Desde o momento que li a reportagem, que conta a história de Loemy, uma viciada em crack de 24 anos, procurei lembrar de outras histórias semelhantes abordadas pela mídia.

Neste caso, a revista conta a história de uma loira magra, de 1,79m e olhos verdes, que já foi modelo e acabou, infelizmente, nesta triste situação, morando na cracolândia do centro de São Paulo. Lembrei também da história de um mendigo de Curitiba, que ficou famoso em todo o país por ter olho azul e biótipo de modelo mas viver na rua.

Pesquisei na internet e também em minha memória se havia alguma reportagem de um negro nas mesmas condições. Se sim, são poucas, pois, quando veem o negro lá, não causa surpresa. Infelizmente, é normal, não é mesmo?

Não questiono diretamente nenhum veículo, mas sim a forma como a própria sociedade enxerga situações como estas. Um negro na condição de viciado é visto, às vezes, como culpado e ingênuo por ter seguido este caminho. Já alguém branco, de olhos azuis, é visto como uma vítima, como uma situação atípica, algo que não deveria ter acontecido. Eu concordo que não, mas com nenhum deles. Não faz sentido diferenciá-los.

As pessoas pensam: “Essa pessoa não devia estar ali. É tão bonita (o), podia ter outra vida.” Proponho a reflexão: os outros, maioria negra, origem humilde, não mereciam a mesma compaixão?

É triste constatar isso, mas está muito claro que as pessoas têm reações diferentes quando se vê negros e brancos em condições de perigo e miséria. O mesmo podemos dizer sobre os assassinatos. No Brasil, morrem cerca de 56 mil pessoas por ano vítimas de homicídio, sendo a maior parte negra. Quando morre um jovem negro, muitas vezes não se vê uma nota no jornal, mas se é um branco, de família rica, a repercussão é gigante.

Não podemos mais ser tão seletivos em nossa compaixão. Todos os seres humanos são iguais e dignos do mesmo respeito e apreço, independente de sua classe social, cor da pele e dos olhos. É necessário estarmos atentos a nossa forma de pensar. Dizer que é contra o racismo não basta, é necessário agir pela igualdade e ser coerente com aquilo que se diz pensar.

* Juvenal Araújo é presidente do Tucanafro nacional

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