*Por Ana Maria de Barros
Caruaru, como todas as cidades do Brasil, viveu dias de caos provenientes da greve dos caminhoneiros, que pararam o país, gerando um imenso impacto na vida de todas as cidades: escolas, universidades, transporte público, veículos particulares, comércio, indústria, serviços públicos, entre outros setores da vida nacional foram atingidos.
Alguns chegando a parar seu funcionamento totalmente e outros parcialmente. Aqui em Caruaru, é importante ressaltar o protagonismo da chefe do executivo municipal de Caruaru: Rachel Lyra, que tomou para si as responsabilidades, quando muitos prefeitos no país preferiram dizer que era uma questão nacional e não local. A prefeita de Caruaru, assim que a crise foi instalada, tomou as seguintes providências:
1. Convocação de todo o secretariado para a montagem do Comitê Gestor da Crise
2. Balanço individual por secretaria, dia-a-dia, divulgando à sociedade os serviços mantidos, reduzidos ou suspensos, temporariamente
3. Caruaru foi o primeiro município a decretar Estado de Emergência. O Governo do Estado só decretou Estado de Emergência depois. Mais de 60 cidades, depois de Caruaru, fizeram o mesmo
4. Convocação da sociedade civil organizada, entidades de classe, instituições do sistema de justiça, OAB, ACIC, CDL, SINDLOJA, CELPE, COMPESA, Polícia Civil, Polícia Militar, Tiro de Guerra, Comando Presente da Feira, bem como a Câmara de Vereadores, foram alguns dos atores sociais a serem convocados no acompanhamento milimétrico da crise que assolava o país bem como para a tomada de decisão coletiva
5. Paralisação das aulas das escolas municipais e contingenciamento de produtos de primeira necessidade (alimentos, gás, água, combustível), tudo voltado para as áreas de saúde e assistência social, que tratam de serviços que não poderiam sofrer interrupções
6. Recolhimento de toda a frota de veículos da administração direta e indireta para que o combustível disponível fosse para as áreas também de saúde e assistência social
7. Articulação direta com a Polícia Militar através da Secretaria de Ordem Pública para a definição de estratégias, conseguindo, assim, tirar dos bloqueios nas BRs em Pernambuco e em outros estados, vários caminhões que traziam a estrutura para a montagem da festa de São João, que estavam impedidos de chegar a Caruaru
8. Acompanhamento da chegada dos produtos químicos para o tratamento da água potável do município, com o monitoramento feito pela prefeitura com a parceria da COMPESA, assim como o acompanhamento do fornecimento de energia junto à CELPE
9. Acompanhamento das empresas de transporte coletivo para a garantia do serviço de transporte público em 50% da frota. Em outra cidades esse serviço chegou aos 13% ou parou, como no caso do BRT do Rio de Janeiro
10. Articulação para o envio do avião da FAB, que transportou material médico para atendimento dos pacientes que fazem hemodiálise no município, garantindo a manutenção de um serviço vital para os doentes renais
11. Foi mantida a limpeza pública da cidade, mesmo com escala de dias apresentada à sociedade
Ser protagonista significa assumir seu lugar de ator (atriz) social na história. Na condição de primeira mulher a administrar a nossa cidade, é necessário registrar que em meio ao caos, a prefeita se dispôs a modificar a sua agenda para junto com os variados setores e instituições importantes para a nossa cidade, avaliar e tomar decisões para o enfrentamento dos impactos da crise sobre a vida da população.
No último final de semana, ao me deparar com o comércio em pleno funcionamento, depois de dias de quase nenhum movimento, ver as casas se enfeitando para receber o São João, os turistas chegando na cidade e lotando o Alto do Moura, o clima de alegria se instalando em cada canto e à noite coroada com um Pátio de Eventos lotado, com toda a estrutura pronta e com segurança garantida para receber os festejos juninos, que são a marca de nossa cidade, percebi o quanto foi preciso ser feito diante de um cenário que há menos de uma semana se mostrava caótico, gerando até o adiamento da Festa de Campina Grande, para que o nosso povo pudesse ter uma cidade com todos os seus serviços públicos restabelecidos, sem grandes perdas ou danos, e ainda por cima ter a principal festa, que é marca de sua identidade cultural, garantida e em grande estilo.
Mesmo ao longe, acompanhando pela imprensa local e sem poder ajudar muito, vi o quanto nossa prefeita faz uma administração diferenciada. Assumir o início das festas juninas quando outras cidades preferiram seu adiamento foi uma decisão corajosa e ousada. Ver uma mulher com esta garra, enfrentando uma oposição ferrenha e calúnias constantes, mas mantendo a disposição a frente de nossa prefeitura, me enche de orgulho e de esperança de que estamos bem representados e que fiz a escolha certa. Parabéns Prefeita, você me representa!
*Ana Maria de Barros é Cientista Política e Professora da UFPE/Coordenadora da Licenciatura Intercultural Indígena e Vice-Líder do Grupo de Pesquisa da UFPE