Documentos do Departamento de Justiça dos Estados Unidos (DoJ) revelados nesta semana indicam o repasse de R$ 50 milhões da Odebrecht, pago pelo departamento de propina da empresa, à campanha da ex-presidente Dilma Rousseff em troca de um benefício à Braskem, empresa ligada à Odebrecht.
As informações são do jornal O Estado de S. Paulo desta sexta-feira (23).
Os americanos descrevem uma ação da Odebrecht e da Braskem junto a autoridades do governo, de 2006 a 2009, para garantir um benefício tributário à petroquímica. De acordo com a reportagem, para avançarem nas negociações, as empresas receberam um pedido do ex-ministro Guido Mantega.
Apesar de não mencionar os nomes das autoridades e executivos envolvidos nas tratativas, o DoJ descreve o acerto da propina feito com autoridades do alto escalão.
Segundo os documentos, primeiro foi feito um apelo a uma autoridade brasileira do governo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, identificada como o ex-ministro Antonio Palocci. Investigadores afirmam que, mesmo depois de deixar o governo, Palocci atuava como consultor da Braskem.
Esse apelo era para que Lula fizesse uma intervenção junto a Mantega, para que o ministro da Fazenda tratasse sobre o assunto. Os documentos citam também um encontro de um executivo da Odebrecht diretamente com o petista.
Após uma série de reuniões da Odebrecht com Mantega, ele pediu contribuições para a campanha eleitoral de Dilma e escreveu “R$ 50 milhões” em um pedaço de papel. Como resultado das tratativas, em 2009, o governo chegou a uma solução. De acordo com os americanos, foi lançado um programa de créditos tributários da qual a Braskem se beneficiou.
Segundo a PF, Marcelo Odebrecht conseguiu benefícios fiscais para a Braskem em 2009 por meio de Palocci e de Mantega. Em uma planilha de repasses ilícitos da empreiteira, a PF encontrou um pagamento de R$ 50 milhões ligado ao codinome “Pós Itália”, que os investigadores brasileiros relacionam a Mantega.
Depois da obtenção da medida que beneficiou a Braskem, o Setor de Operações Estruturadas da Odebrecht, conhecido como departamento da propina, foi usado pela Braskem para fazer o pagamento de R$ 50 milhões à campanha de Dilma.
Além disso, os americanos identificaram um pagamento de R$ 14 milhões a Palocci, pelos “esforços envolvidos”.