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“É possível viver com dignidade em regiões semiáridas”, por Elias Gomes

elias-gomesAo viajar de férias para a África, na segunda metade de janeiro, tive a oportunidade de conhecer parte do deserto do Saara, em Marrocos, e logo fui confrontado com uma realidade distante da que aprendemos na escola ou nas leituras sobre aquele continente. Encravado numa região montanhosa e semiárida, atrai a atenção por sua cultura e forma de desenvolvimento de sua economia, criativa e solidária, com mercado voltado para o turismo.

Viajei quase 200 Km pelo deserto numa estrada margeada por tamareiras e pude observar como os povos vivem e produzem em perfeita convivência com as condições climáticas. Dias muito quentes e noites frias e aconchegantes. Apesar de ser uma região semiárida com o clima mais seco do mundo (100 ml de chuva por ano), algumas áreas têm construído condições razoáveis para a sobrevivência.

A imensidão de terras áridas é tomada de certa magia. A contemplação das dunas que provocam miragens me faz lembrar de histórias fantásticas que teriam sido protagonizadas por beduínos (povos nômades que habitam o deserto) e que exercem grande fascínio no imaginário popular.

As famílias praticam a agricultura familiar e criam ovelhas e cabras. Atividades que contribuem para o incremento da renda, assegurando o suficiente para uma vida digna. Em todos os povoados ou aldeias há lojas ou mercados onde se comercializa o artesanato da região, produzido a partir da pele e da lã dos animais, e também da palha da tamareira.

Ao fazer esta viagem é impossível não estabelecer comparações com a vida tão sofrida no semiárido brasileiro, nosso Sertão que abrange 11 estados e abriga 22 milhões de habitantes. A diferença é que no Sertão chove mais que no deserto do Saara. De modo que são maiores as possibilidades de se vencer as adversidades, estabelecendo-se formas de convivência na agricultura familiar, na criação de pequenos animais e estimulando-se o turismo para divulgar as belezas naturais da região, a sua rica gastronomia e a sua música de viola e de sanfona.

Esta convivência se torna possível principalmente a partir do domínio das técnicas de produção apropriadas para este clima, buscando-se uma distribuição justa das terras, das águas e da adoção de políticas públicas que atendam as demandas da região e assim garantam a permanência do povo na terra prometida – o Semiárido brasileiro, como registra o Instituto Regional da Pequena Propriedade Apropriada (IRPAA), com sede em Juazeiro da Bahia e há 25 anos trabalhando na região.

Este texto foi escrito quando a história registra os 100 anos da seca de 1915, que matou e maltratou tantos nordestinos, tão bem descrita no livro O Quinze, da cearense Rachel de Queiroz.

*Elias Gomes é prefeito de Jaboatão dos Guararapes e vice-presidente nacional do PSDB-PE. Artigo publicado no Diario de Pernambuco deste sábado (13)

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