Não há dúvida de que o brasileiro está inquieto e descontente com os políticos.
Pesquisas dos mais diferentes vieses apontam isso e as manifestações populares recentes demonstram que os políticos não estão com essa bola toda.
Incorporando o espírito, ou o exemplo, do senador Aécio Neves que, após implantar no governo de Minas uma administração baseada em resultados e com perfil eminentemente técnico escolheu um dos principais auxiliares, o advogado e administrador público Antonio Anastasia, para sucedê-lo na administração estadual, o governador Eduardo Campos, cuja administração atual foi plantada com base na experiência mineira de Aécio, acaba de escolher também um técnico para seu candidato a governador na eleição de 2014.
As semelhanças não param por aí.
Anastasia foi o coordenador do “Choque de Gestão “ que Aécio implantou em Minas, considerado um exemplo para o país e que projetou o senador na política nacional.
E, antes de ser governador, foi vice de Aécio, aprendendo a ter, mais de perto, contato com os políticos.
Paulo Câmara foi um dos principais coordenadores da gestão atual de Eduardo também baseada em resultados mas nunca se candidatou a cargo eletivo.
Apesar disso, foi preparado na surdina durante sete anos para suceder o chefe tendo recebido nos dois últimos anos, duas missões políticas importantes para se aproximar de deputados e prefeitos.
É tido como criador do FEM – Fundo de Desenvolvimento dos Municípios – pelo qual Eduardo repassou às prefeituras o correspondente a um 13.o salário do Fundo de Participação dos Municípios e foi o responsável pela liberação das emendas orçamentárias dos deputados estaduais em 2012 e 2013.
Eduardo, como conseguiu Aécio, obterá êxito nesta empreitada, apostando num técnico?
Só o tempo dirá.
Em Minas, como aqui, ele terá o PT como adversário principal, sobretudo porque enfrenta também este ano Dilma e Lula ao mesmo tempo – criatura e criador.
E, ao contrário de Minas, onde o PT, para não deixar Aécio crescer, destinou poucos recursos federais para o estado, aqui a administração de Eduardo foi quase inteiramente calcada nos grandes projetos implantados com a ajuda e os recursos do Governo Federal petista.
Além disso, há que se acrescentar, a despeito da boa imagem que tem o candidato Paulo Câmara – como pessoa e como gestor – que Pernambuco é um estado irredento.
De vez em quando surpreende quem o julgava adormecido.
Já Minas Gerais é mais conciliador, mais cordato.
Talvez por incorporar, territorialmente, ao mesmo tempo, o Norte e o Sul do País, tendo que equilibrar a balança das desigualdades regionais.
Eduardo conseguiu guindar um técnico ao cargo de prefeito do Recife, derrotando o PT, há que se considerar, mas a capital sempre foi mais progressista que o interior do estado, sendo, portanto, mais sensível aos novos tempos e aos novos projetos.
A sorte, de qualquer forma, está lançada.
Nacionalmente, Aécio e Eduardo se propõem a interromper o ciclo petista na administração pública brasileira e buscam, cada um da sua forma, se incorporar aos novos tempos.
O senador mineiro partiu na frente e enxergou a profissionalização da administração pública muito antes de Eduardo que há sete anos busca seguir-lhe os passos.
Quem vai vencer?
É esperar pra ver.
De qualquer forma, ambos já colocaram o PT a reboque dessa história.
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