Brasília (DF) – A Eletrobras entregou nesta terça-feira (11) à Securities and Exchange Commission (SEC), órgão que regula o mercado de capitais americano de ações, documentos com informações financeiras de 2014 e 2015 que estavam atrasadas devido a investigações internas que apontaram irregularidades em pelo menos quatro empreendimentos da companhia. No formulário, a estatal reconhece perdas de R$ 302, 5 milhões com o esquema de pagamento de propinas investigado pela Operação Lava Jato.
De acordo com o jornal Folha de S. Paulo desta quarta (12), os valores referem-se ao superfaturamento de obras contratadas com o cartel de empreiteiras descoberto pela operação.
“Os relatórios da investigação independente reportam determinados superfaturamentos relacionados à propina e práticas de cartel, considerados ilegais no âmbito de alguns contratos dos projetos investigados”, diz a empresa, em nota.
As investigações apontam que as propinas variavam entre 1% e 6% do valor do contrato. Já o impacto identificado da prática de cartel em licitações foi de 10% em um contrato específico, somando R$ 16 milhões.
“A investigação descobriu propinas utilizadas para financiar pagamentos indevidos a partidos políticos, funcionários eleitos ou outros funcionários públicos, ex-funcionários de subsidiárias e SPEs (empresas) não controladas pela companhia e outros indivíduos envolvidos em esquemas de pagamento”, continua o texto.
Segundo a reportagem, a maior parte dos valores (R$ 286,6 milhões) foi contabilizada em 2014. Com a entrega do documento, a estatal espera conseguir retomar a negociação de suas ações em Nova York.
Fazem parte da lista de projetos com perdas por corrupção a usina nuclear de de Angra 3 e as hidrelétricas de Simplício e Mauá 3, além de projetos em que a Eletrobras é sócia minoritária, chamados de Sociedades de Propósito Específico e não identificados individualmente.