As reservas de moedas internacionais do Brasil estão diminuindo. Passaram de US$ 374 bilhões, no fim de 2014, para US$ 368,4 bilhões, em 30 de dezembro de 2015, uma redução de US$ 5,6 bilhões. O montante é apontado pelo governo como uma garantia para enfrentar a crise. De acordo com especialistas, a redução é reflexo da perda do grau de investimento do país.
O presidente do Banco Central, Alexandre Tombini, defende o nível elevado das reservas e afirma que elas são uma segurança para economia e funcionam bem em momentos de adversidade. No entanto, alguns especialistas acreditam que não é necessário manter um volume tão alto devido aos elevados custos de manutenção desses recursos, conforme matéria publicada sábado (2) no jornal Correio Braziliense.
O consultor Luis Troster explica que o governo gasta de R$ 190 bilhões a R$ 200 bilhões por ano para manter essa proteção contra imprevistos nas contas externas. Para ele, seria razoável garantir metade do volume atual de reservas porque não há risco de aumento no déficit das transações do país com o exterior.
Na avaliação do BC, a queda do nível das reservas nos últimos três anos foi marginal. “As alterações diárias no volume são decorrentes basicamente das variações de preço dos ativos. Ressalta-se que as reservas internacionais também funcionam para o mercado internacional como um indicador econômico de solidez do país”, informou a autarquia segundo o jornal.
O chefe da Divisão Econômica da Confederação Nacional do Comércio (CNC), Carlos Thadeu, também considera o volume excessivo e acredita que o nível atual poderia ser reduzido. “A balança comercial deve ter superávit de quase US$ 20 bilhões em 2015 e o valor pode dobrar em 2016”, esclarece.
A expectativa do mercado é de que o deficit em conta-corrente (balança comercial mais saldo de transações de serviços e rendas) caia de US$ 64 bilhões para US$ 38,6 bilhões nesse período.
O economista-chefe da INVX Global Partners, Eduardo Velho, avalia que as reservas não são totalmente prejudiciais. Mas critica o custo elevado do instrumento. “Isso vem aumentando o custo da dívida e, consequentemente, a inflação. A compra de dólares pelo BC joga mais reais no mercado e, para esterilizar essa oferta, o governo vende títulos. Essa operação está muito onerosa e afeta o resultado fiscal do setor público”, ressalta ao jornal.