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“Em todas as áreas o governo do PT deve ao Brasil. É preciso encerrar esse ciclo”, alerta Aécio Neves em passagem pelo Recife

Foto: Ana Lúcia Andrade
Foto: Ana Lúcia Andrade

PERNAMBUCO – O presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves (MG), esteve nesta sexta-feira (21) em Recife para um encontro “pessoal e de cortesia” com o governador Eduardo Campos (PSB).

Antes, porém, esteve num bate-papo informal com as bancadas tucanas do Estado nos legislativos e com alguns prefeitos. Também participaram do encontro o líder do Democratas na Câmara Federal, deputado Mendonça Filho (PE), o senador Cássio Cunha Lima (PSDB-PB) e o deputado federal e coordenador jurídico da campanha do PSDB à Presidência em 2014, Carlos Sampaio (PSDB-SP).

No encontro, mostrou-se animado com o momento atual em que o País sinaliza para uma mudança de gestão devido ao esgotamento dos governos do PT.

– Em todas as áreas o governo do PT deve ao Brasil. É preciso encerrar esse ciclo.

Em entrevista coletiva, Aécio Neves ressaltou que a condução do processo eleitoral em Pernambuco, que resultou na aliança PSDB-PSB, foi e sempre será conduzida pelo presidente do partido no Estado, deputado federal Sérgio Guerra.

– Não haverá da nossa parte qualquer impedimento ou qualquer ação da direção nacional que impeça essa manifestação do partido (de aliança com o PSB). Um extraordinário companheiro do partido que é o deputado Sérgio Guerra é quem vai estar comandando esse processo como sempre fez. O Sérgio é uma das lideranças nacionais mais importantes do PSDB, companheiro de instituição partidária, presidente do Instituto Teotônio Vilela, presidente do partido (em Pernambuco) e nós estamos afinadíssimos. Sérgio saberá conduzir da melhor forma esse processo.

A seguir, íntegra da entrevista:

Sobre a reunião com os tucanos de Pernambuco

Nós falamos sobre o Brasil e sobre Pernambuco. Houve uma antecipação muito grande do processo eleitoral desde o ano passado, por ação do próprio governo e eu fiz um relato disso. Tenho muita confiança de que estamos vivendo no Brasil o encerramento de um ciclo. O governo do PT falhou na condução da economia, a herança que vamos receber é de crescimento pífio e inflação alta, descontrole das contas públicas e uma perda crescente da credibilidade do Brasil que impacta, inclusive, nos investimentos para que pudéssemos crescer em níveis melhores. O governo falhou na gestão da infraestrutura. O Brasil está se tornando um cemitério de obras inacabadas, inclusive aqui em Pernambuco como em Abreu e Lima (cidade da Região Metropolitana do Recife), como a Transposição do Rio São Francisco, como a Transnordestina e as hidrovias da região…Na verdade, o PT demonizou por mais de  10 anos as parcerias com o setor privado: sejam concessões ou PPP. Ao final, se curva a essas parcerias mas faz longe do tempo e esse aprendizado do PT tem custado muito caro ao País. Nós perdemos competitividade externa, a opção ideológica do PT provocou resultados ruins em todas as áreas: nós somos a 7ª ec0n0mia do mundo, mas o 20º país exportador, ou seja, o Brasil não está conectado com as cadeias produtivas por uma visão equivocada do governo, pelo ‘custo Brasil’ e pela ausência de investimentos planejados em infraestrutura. Na questão social, cresce uma omissão permanente do governo federal, uma omissão quase que criminosa: 87% de quase tudo que se gasta em segurança vêm dos estados e municípios, enquanto apenas 13% da União que tem a responsabilidade de cuidar das fronteiras, do tráfico de drogas, tráfico de armas… Na saúde, outra tragédia geral. Em 2002, quando deixamos o governo, 56% dos investimentos em saúde pública eram da União, hoje são 45%. Quem paga a conta? Principalmente os municípios, e os estados em parte. Então nós precisamos fazer um esforço para mudar a federação no Brasil e o PSDB está se preparando para esse grande debate. Esse não é um projeto de um partido político, mas de um País. Mais quatro anos de governo do PT farão um mal imensamente ao Brasil. Por isso estamos andando pelo País. Ontem (quinta) estivemos em um evento grande na baixada santista, fizemos o lançamento da candidatura ao governo do meu estado, Minas Gerais, e nós queremos isso: um debate franco, amplo, porque estamos preparados para debater com o governo em cada um dos campos.

Sobre os indicadores econômicos do país

Todos são preocupantes. O Brasil comemora hoje os índices de baixo desemprego, isso é positivo, mas não podemos esquecer que o Brasil está se transformando num país do emprego de dois salários mínimos. Onde isso vai nos levar? Nós temos que planejar investimentos em inovação, competitividade, recuperarmos o poder da indústria brasileira, dos manufaturados. Nós voltamos a ser o que éramos na década de 50: exportador de comodities, de matéria-prima. Então o governo comemora esses indicadores de empregabilidade que não são suficientes para o Brasil dá um salto de qualidade na vida das pessoas. Essa é uma discussão que vamos tratar. A deterioração dos indicadores econômicos é clara. O governo usa de artifícios, o da credibilidade criativa, para mascarar o seu fracasso. O resultado da balança comercial é o pior em 13 anos. E só foi positivo porque exportaram, entre aspas, plataformas de petróleo. A nossa dívida bruta vem aumentando fortemente. O BNDES é hoje uma grande caixa preta que privilegia alguns amigos do rei ou da rainha em detrimento do conjunto da economia. A Petrobras é hoje uma empresa não financeira mais endividada do mundo. Ela perdeu simplesmente 55% do seu valor de mercado em 4 anos. Isso não é brincadeira. A Eletrobras, que era uma empresa superavitária, depois do intervencionismo irresponsável do governo, comandado pela presidente da República, hoje é uma empresa que precisa do BNDES para capital de giro. Esse populismo do governo tem trazido danos enormes ao Brasil. O tesouro terá esse ano, segundo técnicos da área, de investir mais 15 bilhões de reais no setor elétrico em razões das medidas tomadas pelo governo que afugentaram investimentos. Então, em todas as áreas o governo deve ao Brasil. O que quero dizer como presidente do maior partido de oposição é que estamos pronto para o enfrentamento, faremos isso em altíssimo nível, mas teremos a oportunidade de dizer aos brasileiros que o PT precisa encerrar esse ciclo para que podemos começar outro melhor do ponto de vista ético, de comportamento e de eficiência da gestão.

Sobre a parceria PSDB-PSB na oposição ao PT

Desde o início dessa discussão pré-eleitoral nós sempre estimulamos que outras forças políticas pudessem entrar no jogo. O governador Eduardo Campos, a ex-senadora Marina Silva, nós inclusive, congressualmente, atuamos juntos com o PSB para que as manobras do PT não inviabilizassem o partido da Marina (Rede Sustentabilidade), o que acabou acontecendo. Na verdade, o PT é quem sempre quis uma polarização. O PT fez o que pôde para inviabilizar a candidatura de Eduardo, sufocou seus aliados, e no caso do Ceará específico, conseguiu atraí-los para o seu campo e conseguiu de todas as formas inviabilizar o partido da Marina. Eu vejo como positiva a vinda para o campo oposicionista de atores políticos que, num passado não muito remoto, estavam no campo governista. É o caso do próprio governador Eduardo Campos. Nós do PSDB não tememos essa discussão. Todos que se colocarem na disputa naturalmente adotarão um discurso de oposição ao governo porque se fossem o contrário iriam apoiar a candidata governista. O que eu pretendo manter em relação ao governador Eduardo é uma relação de absoluto respeito, temos uma relação pessoal que já beira os 30 anos, acho positiva para o debate a sua candidatura e vamos fazer esse debate em altíssimo nível. Ele tem todas as condições de ser competitivo, agora eu tenho uma expectativa de que, num eventual segundo turno, estaremos juntos. Porque temos em comum um sentimento de que o governo do PT faz muito mal ao Brasil.

 

Foto: Ana Lúcia Andrade
Foto: Ana Lúcia Andrade

Sobre as alianças estaduais PSDB-PSB

Elas seguem uma lógica de muita naturalidade. Não é algo imposto. Onde estivemos juntos durante dez anos não temos porque não estarmos juntos nessa campanha. A começar pelo meu estado (MG). Ontem (quinta),  o PSB declarou apoio à candidatura do PSDB. Eu acho que o apoio e a convivência harmoniosa entre nós existirá no Brasil inteiro. Calculo quem em 8 a 10 estados o palanque pode ser o mesmo.

 

Sobre a chapa do PSB ao governo de Pernambuco

O governador Eduardo está fazendo o que deve fazer. A decisão do PSDB será tomada pela instância estadual do partido em razão de suas prioridades, as eleições de parlamentares. Eu não influenciarei nessa decisão. Acho absolutamente natural que o governador lance seu candidato como eu fiz ontem (quinta em MG). Há setores aqui (em Pernambuco) do PSDB que têm relação com o governador Eduardo. Não haverá da nossa parte qualquer impedimento ou qualquer ação da direção nacional que impeça essa manifestação do partido. Um extraordinário companheiro do partido que é o deputado Sérgio Guerra é quem vai estar comandando esse processo como sempre fez. O Sérgio é uma das lideranças nacionais mais importantes do PSDB, companheiro de instituição partidária, presidente do Instituto Teotônio Vilela, presidente do partido (em Pernambuco) e nós estamos afinadíssimos. Sérgio saberá conduzir da melhor forma esse processo.

 

Sobre o mensalão tucano

Nós do PSDB sempre dissemos, seja em relação a essas questões e outras, que se há uma denúncia que mereça credibilidade que seja investigada em profundidade. Quem cometer algum ilícito tem de ser punido, independentemente de ser do PSDB. Nós não vamos fazer o que fez o PT: afrontar a justiça. Nós respeitamos a justiça e respeitaremos a decisão do Supremo Tribunal Federal. Agora, como vivemos num Estado Democrático de Direito esperemos que haja o julgamento dando a oportunidade da defesa.

 

Senador Cássio Cunha Lima (PB), à direita, e deputado federal Mendonça Filho (DEM-PE), de azul, em encontro com Aécio Neves
Senador Cássio Cunha Lima (PB), à direita, e deputado federal Mendonça Filho (DEM-PE), de azul, em encontro com Aécio Neves

Sobre a conversa com Eduardo Azeredo

Foi uma visita de cortesia a um amigo que está abalado com isso tudo (renúncia ao mandato de deputado federal). Eduardo é conhecido e reconhecido em Minas Gerais como um homem de bem. Não é alguém que fez fortuna na política. Se houve eventualmente atos ilícitos, numa campanha eleitoral,  vamos dar o direito ao julgamento e que os responsáveis respondam por eles. Vamos esperar que ele se dedique agora à sua defesa. Eu estou discutindo o Brasil. A minha eventual candidatura não é um projeto do PSDB, mas visa reintroduzir na vida pública brasileira a meritocracia e a gestão eficiente para melhorar nossos indicadores sociais. É isso que me move, é isso que me faz estar aqui hoje em Pernambuco.

 

 

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