PSDB – PE

Entrevista do presidente nacional do PSDB, senador Aécio Neves, à Rádio Gaúcha

aecio-neves-foto-george-gianni2-300x200Brasília – 28-08-15
Assuntos: PIB, declarações Lula e volta da CPMF.
Trechos da entrevista:

Sobre PIB de 1,9%.
Na verdade, do Brasil colhe hoje os frutos de toda a desorganização que assistimos acontecer na nossa economia ao longo dos últimos anos. Não foram poucos os alertas que foram feitos, não apenas por nós da oposição, mas feitos por economistas, por empreendedores, por empresários. Me lembro que, no ano passado, em uma das vezes que estive no Rio Grande e fazíamos esse alerta que era preciso, sim, reorganizar a economia, era preciso enfrentar a subida, o descontrole da inflação, definir com clareza quais os setores da economia que poderiam estar sendo incluídos nas cadeias globais de produção, a então candidata a presidente respondia a isso tudo como se fôssemos nós os pessimistas.

Portanto a perda de capacidade é do governo que ao não estimular os setores onde efetivamente somos, ou deveríamos ser, competitivos levou a esse recuo da atividade economia, e o que é mais grave, em praticamente todos os setores da economia.

Sobre perda de confiança no governo
O que contribui para todo esse pessimismo, essa perda de confiança que obviamente impacta nos investimentos, no resultado da economia, é o desgoverno, foi a mentira que prevaleceu durante a campanha eleitoral. Quando buscamos debater o Brasil, quando chamei a presidente da República para debater o Brasil e disse: “é preciso que tomemos medidas rápidas para minimizar o custo lá adiante”, ela respondia com desdém.

O que leva hoje à instabilidade do país é exatamente o descompromisso entre aquilo que foi dito, aquilo que foi apresentado aos brasileiros e a realidade do país.

Em relação aos ministérios também houve uma fala nesse sentido na campanha.
Quando disse vamos reduzir pela metade os ministérios, vamos gerar produtividade no setor público, vamos estabelecer metas de desempenho, tudo isso era respondido com desdém. “Não. O Brasil está muito bem. Não temos inflação. O Brasil vai crescer muito mais no ano que vem. Vocês são, na verdade, pessimistas que torcem contra o governo”, ela dizia. A realidade está aí.

Sobre declaração do ex-presidente de Lula, dizendo que, se necessário, concorrerá nas eleições de 2018.
Acho que é um direito que o ex-presidente tem e, para nós da oposição, não é nada surpreendente. O que tenho dito é que não temos que nos preocupar com quem será o candidato do governo ou do petismo, por mais fragilizado que se acredita que chegarão. O que temos que dizer é que, além das críticas, que temos obrigação de fazer, das denúncias que temos feito em relação às ações do governo e dos seus membros, temos também que mostrar que estamos preparados para dar uma injeção de ânimo, de confiança na economia brasileira.

O que me preocupa hoje, mais do que qualquer outra decorrência ou qualquer outra consequência desses desmandos do governo do PT é o desemprego crescente, que está tirando das famílias a sua própria dignidade. E os dados, não quero aqui alarmá-los muito, mas, infelizmente, os dados que temos apontam para desemprego, nos próximos seis meses, entre os mais jovens até 24 anos, que deverá ultrapassar os 25%. O desemprego que no ano passado, no geral, estava em torno de 6%, no final do ano, hoje ultrapassa 8%, deverá ultrapassar 10% também nos próximos meses. Hoje isso é consequência de um governo, das ações de um governo que priorizou as eleições em detrimento dos interesses da população brasileira.

Sobre declarações do ex-marido da presidente Dilma Rousseff, Carlos Araújo, de que “ impeachment é uma coisa do Aécio”.
Em primeiro lugar devo agradecer as considerações do Carlos Araújo de me considerar extremamente forte para vencer as eleições, porque só isso justificaria uma ação que visasse novas eleições. Na verdade, se discute impeachment no Brasil – e esta não é uma palavra proibida – pelo descumprimento da lei, pelos equívocos cometidos pelo governo. Pelas denúncias sucessivas que não somos nós da oposição que estamos fazendo, como a utilização de propina na campanha eleitoral. Não somos nós que vamos investigar. É o Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Como as denúncias que estão levando hoje o Tribunal de Contas a discutir um parecer que demonstra que de forma deliberada houve descumprimento da Constituição.

A lei tem de ser seguida por todos, em especial pela presidente da República. Para nós, do PSDB, ao contrário do que diz Carlos Araújo, o calendário eleitoral prevê eleições em 2018. Se o governo conseguir chegar lá, para nós este é o tempo.

Sobre a volta da cobrança da CPMF pelo governo.
Isso mostra o desespero, o desgoverno, a falta de planejamento do governo central. Não temos um governo no Brasil que tenha um projeto de país. O projeto da presidente Dilma hoje é atravessar a semana. Para ver se de semana em semana, ela chega ao final do governo.

Por isso, essas medidas que sequer são discutidas internamente no governo. Hoje já manifestações atribuídas ao vice-presidente da República contrárias, ou pelo menos surpreso, com o lançamento desta proposta.

Para nós do PSDB não há possibilidade de aprovarmos qualquer medida que signifique aumento da carga tributária, porque ao final quem paga a conta é a população brasileira que não aguenta mais. Seja pagar uma carga tributária tão alta como tem o Brasil, das mais altas do mundo, com a inflação crescendo, com os juros – também crescentes – impactando no crédito e o emprego indo embora.

Ver mais